O relatório Norte Estrutura antecipou hoje uma desaceleração das exportações na região em 2019, fruto dos conflitos comerciais entre grandes potências e a iminência do Brexit, bem como do abrandamento da atividade exportadora registada em 2017.
“Este conjunto de circunstâncias deixa antever que a atividade exportadora do Norte possa vir a passar por dificuldades (…) porventura mesmo em 2019, tendo em conta a envolvente externa, marcada pela deterioração da economia e do comércio mundial (devido a conflitos comerciais entre grandes potências, particularmente os EUA e a China) e pela iminência do Brexit, aprazado para 29 de Março de 2019”, concluiu-se.
Esta previsão está refletida no relatório publicado hoje pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), que dá nota que em 2017 verificou-se um “abrandamento do volume das exportações, assim como uma ligeira deterioração dos termos de trocas e da estagnação da quota das exportações face ao total do comércio mundial”.
Acresce ainda que, sublinha a CCDR-N, ao contrário dos valores registados nos três anos anteriores, o crescimento regional do valor das exportações de bens foi inferior ao total nacional.
Em consequência, a importância relativa da região do Norte face ao total das exportações e das importações portuguesas diminuiu ligeiramente em 2017, depois de ter alcançado máximos históricos em 2016.
Apesar de o Norte ter continuado a ser a principal região exportadora de Portugal, nesse ano, as empresas foram responsáveis por cerca de 40,2% do valor total das exportações portuguesas de bens e por cerca de 23,8% do valor total das importações.
O documento, que resulta da atualização da análise realizada há cerca de um ano, revela ainda que na hierarquia dos municípios mais exportadores do Norte, Vila Nova de Famalicão manteve o 1.º lugar com 9% do total das exportações
Maia e Vila Nova de Gaia continuaram a ser o segundo e terceiro municípios mais exportadores do Norte, com 7,2% e 6,9%, respetivamente, do total regional em 2017.
Já Braga foi o município que mais reforçou o seu peso relativo na estrutura exportadora do Norte entre 2016 e 2017, passando de 5,4% para 6,8% do total e desse modo deixando de ser o sexto para passar a ser o quarto município mais exportador do Norte, ultrapassando Guimarães (relegado para o quinto lugar com 6,3% do total em 2017) e Santa Maria da Feira (na sexta posição, com 6,1%do total).
Juntando a estes Porto e Matosinhos, ficam identificados os oito municípios que em 2017 foram a origem de mais de metade (51,2%) do valor das exportações de bens por empresas do Norte.
O relatório revela também que, ao nível nacional, há seis municípios do Norte entre os dez mais exportadores do país, sendo que Vila Nova de Famalicão manteve o terceiro lugar numa lista liderada por Lisboa e Palmela.
O relatório, que se foca em valores de 2017, indica que os principais destinos das exportações do Norte são Espanha (25,8%), França (16,2%), Alemanha (11,4%), Reino Unido (8,3%) e EUA (4,6%), com uma forte incidência no transporte rodoviário. Cerca de 77% dos bens exportados foram movimentados pelo transporte rodoviário, seguindo-se o transporte marítimo com cerca de 18%.
Mais de metade das exportações de bens da região em 2017 foram explicadas pelos três principais grupos de produtos, nomeadamente: os têxteis e vestuário com 18,7% do total; os produtos da fileira automóvel com 17,4%; e as máquinas e aparelhos e material elétrico, com 14,1%.
Surgem a seguir três outros grupos de produtos representando, cada um deles, entre 8,9% e 8,5% do total das exportações do Norte em 2017: os produtos da fileira florestal; o calçado e couro; e os metais comuns.