Um advogado de Braga foi constituído arguido por fortes indícios de ter integrado um grupo criminoso suspeito de tráfico de armas, algumas de calibre de guerra, desmantelado pela Secção Regional de Combate ao Terrorismo e Banditismo da PJ do Norte.
A família do advogado de Braga é muito conservadora, inclusivamente com ligações a misericórdias e outras instituições tradicionalistas, o que surpreendeu os meios bracarenses e a própria Ordem dos Advogados.
A rede de mediação e tráfico de armas, a quem a PJ fez a maior apreensão de sempre de armamento no Minho, era alegadamente constituída por vendedores ambulantes, residentes em Braga, um dos quais dispunha inclusivamente de três casas nesta cidade.
O processo relaciona-se com uma investigação criminal que levou a confiscar um impressionante arsenal bélico, há quase três anos, em Braga, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Amares, Fafe, Felgueiras, Santo Tirso, Póvoa de Varzim e Vila do Conde.
Posteriores investigações da Polícia Judiciária do Norte (Porto) e de Vila Real confirmaram as suspeitas que apontavam para o advogado, residente em Lamaçães, Braga, que é filho de um famoso advogado, este de Barcelos, antigo deputado do CDS/PP.
O MINHO apurou que no processo, fechado a sete chaves, a existência de um advogado constituído arguido, tem sido um dos segredos mais bem guardados, tratando-se de um causídico que exerce a profissão forense já desde o mês de janeiro de 2001.
A operação da Polícia Judiciária do Norte e da PJ de Vila Real foi desencadeada na primeira semana de julho de 2021 e teve o seu epicentro em Braga, Guimarães e Póvoa de Lanhoso, onde operava o núcleo duro da rede de mediação e tráfico de armas.
Um dos suspeitos de alterar as caraterísticas das armas de fogo tinha uma oficina em Amares e a quem aquela unidade de elite da Polícia Judiciária do Norte confiscou igualmente bastante armamento ilegal, nas buscas domiciliárias e a estabelecimentos.
A rede de tráfico de armas de fogo, parte das quais de calibre de guerra, no total de dezenas de armas e milhares de munições, apreendidas no mês de julho de 2021, tem mais de doze suspeitos e a acusação do Ministério Público está prestes a ser deduzida.
Suspeitas já confirmadas pela Relação
O Tribunal da Relação do Porto confirmou já os indícios apurados no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Norte, sediado no Porto, que está a tutelar, desde o início, o processo criminal relacionado com o tráfico de armas.
No acórdão, aquele tribunal superior considera que fruto das investigações da PJ do Porto e de Vila Real, principalmente em Braga, pelo menos desde fevereiro do ano de 2020 todos os suspeitos se dedicariam ao crime de mediação e tráfico de armas.
As vigilâncias e seguimentos, tal como os relatos de diligências externas e as escutas telefónicas da Polícia Judiciária a dada altura apanharam o advogado de Braga, numa das ocasiões junto a um supermercado, perto de sua casa, em Lamaçães, Braga.
Face ao recurso que apreciou, a Relação do Porto confirma suficientemente indiciado que também o advogado, a par dos seus coarguidos, estaria envolvido na aquisição de armas e no favorecimento de contactos com interessados em armas e munições.
Um dos suspeitos, residente nos arredores da cidade de Vila do Conde, para além de ter sido apanhado com um elevado número de armas de fogo, tinha falsificado uma carteira profissional de agente da PSP, que então foi apreendida pela Polícia Judiciária.