Os resultados do censo do lobo-ibérico (Canis lupus signatus) em Portugal devem ser apresentados nas próximas semanas, sabendo-se aí se os “cerca de 30” que ainda restavam no Alto Minho no início do século continuam a ser a média cerca de 20 anos depois.
A O MINHO, a diretora regional do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, Sandra Sarmento, não adiantou números concretos para o Minho, embora já os tenha. Há dias, deu a entender que a média no Norte do país se mantém igual à de 2002, altura em que foi realizado o último cadastro do género para este animal – e quando havia cerca de 300 lobos no Norte de Portugal, grande maioria em Trás-os-Montes.
A responsável respondia aos jornalistas sobre um alegado ataque de lobos a gado no planalto mirandês, afirmando que o lobo ibérico “é uma espécie protegida, sendo um predador de topo, e que, segundo os últimos censos, ainda por publicar, existe um efetivo de 300 animais desta espécie, só na região Norte”.
Contudo, os dados oficiais sobre quantos lobos existem só serão divulgados “o mais brevemente possível”, mas nunca antes do final de junho”, disse Sandra Sarmento, contactada por O MINHO, admitindo que estão a ser desenvolvidos todos os processos para que “seja apresentado o mais rápido possível”, por se tratar de um assunto “importante” e ansiado por biólogos e apaixonados pelo lobo.
93 alcateias na Galiza, onze partilhadas com Portugal
Como O MINHO noticiou, foi recentemente concluído o censo do lobo-ibérico na Galiza, mostrando que o animal predomina mais do que aquilo que se julgava, sobretudo, no norte das províncias de Lugo e A Coruña e no sul da de Ourense, também na Costa da Morte, na Serra de Outes e no leste das províncias de Lugo e Ourense. De todas 93 alcateias detetadas, nove são compartilhados com as Astúrias e onze com Castela e Leão e com o Minho e Trás-os-Montes, em Portugal.
Ao final do censo, concluiu-se que o lobo está presente em 91% do território galego, isto com base nas informações coletadas pelos 141 profissionais que realizaram 3.348 percursos por 13.781 quilómetros, usando ferramentas como escutas, fotoarmadilhagem e análise estatística. Embora ainda não seja uma ciência exata, a interpretação dos dados mostra estabilidade nas populações de lobo e sugere que sua presença pode ser maior do que se pensava anteriormente.
No Minho, o censo do lobo-ibérico ficou a cargo do Grupo Lobo. Já Trás-os-Montes foi ‘mapeado’ pela associação Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural.
O recenseamento de grandes carnívoros é complexo e não pode ser feito um a um. O método usado para elaborar o censo do lobo na Galiza é baseado em sinais de presença do animal. Segundo o pesquisador especialista em lobo ibérico, Luis Llaneza, há muitas mais alcateias do que as 93 registrados.