O Município de Braga vota, segunda-feira, em reunião do executivo, uma proposta de louvor a Fernanda Magalhães, arqueóloga da Universidade do Minho, natural de Ponte de Lima, pelo “contributo prestado para o incremento do conhecimento possuído sobre a antiga cidade romana, a Bracara Augusta”.
A iniciativa partiu do vereador do Urbanismo, Miguel Bandeira, que lembra o contributo científico dos seus trabalhos, o de Mestrado de 2010, intitulado «A arquitetura doméstica em Bracara Augusta» e o de doutoramento, em 2019, sobre o tema A domus romana no Noroeste Peninsular. Arquitetura, Construção e Sociabilidades.
Esta última tese valeu-lhe, há dias, o Prémio de arqueologia Eduardo da Cunha Serrão 2020 e que, por isso, será publicada em livro, ainda em 2020.
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A investigadora da Unidade de Arqueologia da UMinho (UAUM) e do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT) analisou a arquitetura doméstica urbana romana, que tem ligações ao estudo das cidades atuais. Em particular, incidiu no tipo de habitações (domus) construídas entre os séculos I e IV, na última região peninsular a ser integrada na malha administrativa romana.
O estudo focou os casos de Braga, Tongobriga, Lugo e Astorga, mas contextualizou-os com as realidades da Galia, Britannia, restante Hispânia e Norte de África.
No caso de Braga – aliás, Bracara Augusta –, a investigação decorreu num quarteirão em que as casas das elites tanto ocupavam um lote completo como meio lote. Situação que foi similar na Galiza. Portanto, – concluiu – a riqueza do proprietário não significava uma área grande de ocupação da sua casa. Ou seja, a eventual expansão habitacional teria que ser na vertical e não na horizontal.
“Estas cidades romanas podiam apenas crescer, se necessário, para cima”, salienta a arqueóloga. O estudo discutiu ainda funções e usos sociais dos espaços domésticos.
Fernanda Eugénia Puga de Magalhães, que nasceu em 1980 em Correlhã, concelho de Ponte de Lima, vive atualmente em Braga.