Responsável por despoluição do Ave é dono de empresa que polui o rio

Foto: Ilustrativa / DR

Autarca de Guimarães “não entende”

O presidente da Câmara de Guimarães afirmou “não entender” que o responsável pela entidade gestora do processo de despoluição do rio Ave seja ao mesmo tempo dono de uma empresa poluidora daquele curso de água.

Domingos Bragança, em declarações aos jornalistas, questionado sobre o processo de despoluição da bacia hidrográfica do rio Ave, defendeu que empresas reincidentes em atos de poluição devem ser encerradas “em definitivo” e garantiu que tudo fará para que “ninguém saia” deste processo sem consequências.

Na quarta-feira, o rio Ave foi alvo de uma descarga de pó branco que, segundo conta esta quinta o Jornal de Notícias (JN), “a principal suspeita aponta para a pedreira de Gaspar Barbosa Borges”. Também hoje, a GNR informou que “têm sido levantados autos” de contraordenação à pedreira por descargas poluentes para o rio Ave, mas escusou-se a revelar quantos.

Na sua peça, o JN estabelece uma ligação entre o dono daquela pedreira e a detentora da concessão do Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave (SISAVE), a TRATAVE, afirmando que o dono da pedreira tem participação nesta última, através de outras entidades.

“Se esta empresa faz parte de um conjunto de empresas que tem como função a despoluição e o tratamento das linhas de água, isso acresce uma maior responsabilidade. Ninguém entende que [um responsável por] esta empresa capacitada para despoluir, que esteja a poluir [através de outra empresa], ninguém entende”, afirmou Domingos Bragança.

Para o autarca, não cabe à câmara “fiscalizar” aquilo que apelidou de “estruturas acionistas muito cruzadas”, mas a situação descrita merece-lhe “forte reprovação pública e política”.

Domingos Bragança quer que a fiscalização às empresas poluidoras tenha consequências: “Sabemos que esta empresa [a pedreira Nicolau Macedo] já em 2015 teve parte da exploração encerrada cerca de um mês. Ao que parece, reincide. A meu ver, se não corrige, deverá ser em definitivo encerrada a empresa”, defendeu.

Ainda em 2015, a autarquia de Guimarães criou uma “task force” para acompanhar a despoluição do Rio Ave.

“Eu coordenei uma ação em que conjuntamente com as 21 entidades fiscalizadoras levem até ao fim este processo e que ninguém saia, quase com um ar sarcástico, dizendo que tudo o que faz depois não tem consequências. Mas vai ter”, garantiu.

Segundo o JN, o dono da pedreira visada, Gaspar Borges, tem responsabilidades na ABB, que adquiriu a Aquapor, empresa privada, em 2008, e que por sua vez é acionista maioritária da TRATAVE, detentora da concessão do SIAVE.

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