O líder do PSD de Barcelos, José Novais, disse hoje não estranhar a detenção do presidente da câmara local, o socialista Miguel Costa Gomes, sublinhando que tem denunciado que o município é “o campeão dos ajustes diretos”.
“Nada disto é estranho para nós, estas suspeitas existem no radar da Câmara de Barcelos já há uns anos”, disse José Novais à Lusa.
O presidente da Câmara de Barcelos foi hoje detido pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito de um processo em que estão em causa crimes de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio.
Na mesma operação, foram ainda detidos o presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, o presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Laranja Pontes, e uma empresária, mulher de Joaquim Couto.
Mulher do presidente Câmara de Santo Tirso também detida pela PJ
Em comunicado, a Diretoria do Norte da PJ explica que em causa está “a prática reiterada de viciação de procedimentos de contratação pública com vista a favorecer pessoas singulares e coletivas, proporcionando vantagens patrimoniais”.
“A investigação, centrada nas autarquias de Santo Tirso, Barcelos e Instituto Português de Oncologia do Porto, apurou a existência de um esquema generalizado, mediante a atuação concertada de autarcas e organismos públicos, de viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto com o objetivo de favorecer primacialmente grupos de empresas, contratação de recursos humanos e utilização de meios públicos com vista à satisfação de interesses de natureza particular”, afirma a PJ.
À Lusa, o líder do PSD/Barcelos refere que o partido há muito vem alertando para o facto de aquele município ser “o campeão dos ajustes diretos”, uma situação “indiciadora de uma gestão pouco transparente”.
Em dezembro de 2018, em comunicado, o PSD referia que “Barcelos é o campeão dos ajustes diretos, o procedimento mais fácil e que representa mais de 90% das aquisições de serviços pela câmara, e que demonstra também o desleixo e a incompetência dos executivos para conceber e preparar concursos públicos que assegurem a transparência e racionalidade das despesas”.
Buscas sobre “viaturas, viagens e projetos” levaram à detenção do autarca de Barcelos
No mesmo comunicado, o PSD aludia a “atos de gestão opaca, que também são a consequência da delegação de competências no presidente da câmara, o qual, sozinho e sem pudor, pratica despesas milionárias sem terem passado pelo crivo de um concurso para comparar os serviços de vários prestadores”.
“Vamos aguardar pela atuação da Justiça e que, no final, pague quem deve”, disse hoje José Novais, sublinhando que esta situação é “muito má para a imagem” do concelho.
A Lusa contactou igualmente os líderes locais do CDS e do movimento independente ‘Barcelos, Terras de Futuro’, que se escusaram a qualquer comentário sobre a detenção do presidente da câmara.
A Lusa tentou ainda falar com o chefe de gabinete do presidente da câmara, mas sem sucesso.