A Porto Editora vai corrigir o manual de Filosofia do 10.º que contém um exemplo com o “caso Marega” que se suscitou a revolta do Vitória SC e da Associação Vitória Sempre.
Em comunicado, a Porto Editora explica que “os alunos são orientados a interpretarem o tema através de uma perspetiva subjetivista e, em oposição, segundo uma visão crítica do subjetivismo”.
“O comunicado da Associação Vitória Sempre omite a primeira, em que os autores referem: ‘Se fosses subjetivista, terias que avaliar este caso, que foi tão mediático, como um momento em que os adeptos do Vitória Sport Clube decidem expressar os seus sentimentos de desaprovação perante um jogador. Como tal, as atitudes que decorreram deste sentimento de desaprovação não podem ser consideradas objetivamente erradas e terás que as respeitar’. Por isso, é errado afirmar que este manual potencia a ‘criação de um estigma injustificado sobre milhares de adeptos’, como refere o comunicado entretanto emitido pelo clube vitoriano. Pelo contrário, promove a análise, discussão e debate de um tema segundo diferentes perspetivas, método reconhecidamente profícuo no processo de ensino-aprendizagem”, defende a editora.
“Contudo, os autores do manual referem-se aos adeptos do Vitória Sport Clube como os autores dos insultos racistas, tal como foi dito publicamente em vários órgãos de comunicação social nos dias seguintes ao acontecimento de 17 de fevereiro de 2020. Ora, a Justiça absolveu o Clube de tais acusações e foram multados três espectadores que estavam no estádio. Neste sentido, pedimos desculpa ao Vitória Sport Clube e aos adeptos vitorianos e vamos proceder à correção do texto, nos livros escolares que ainda não foram impressos, substituindo a referência a adeptos do Vitória SC por ‘espectadores no estádio'”, acrescenta a editora.
Como O MINHO noticiou, a Associação VitóriaSempre veio a público repudiar o conteúdo de um manual de Filosofia do 10.º ano da Porto Editora, por considerar que o mesmo atenta contra a honra dos adeptos do Vitória ao falar no célebre caso Marega, questiona se existe alguma campanha “anti-Vitória” no Ministério da Educação, e pede à direção do clube que aja na justiça.
Os associados acusam os autores – Susana Teles de Sousa, Isabel Pinto Ribeiro e Rui Areal – de se aproveitarem do caso Marega para “moldar opiniões e formar mentalidades”, atiçando os alunos contra os adeptos do Vitória. À direção, pedem que instaure uma providência cautelar para evitar que o livro seja utilizado nas salas de aula.
A matéria em causa está adjacente ao tema “Os Juízos Morais são Subjectivos?”, onde os autores falam em princípios éticos que têm de ser respeitado, indicando que os alunos devem ficar do lado do que disse o âncora da SIC, Bento Rodrigues, que condenou os insultos ao jogador do FC Porto, provenientes das bancadas do Afonso Henriques.
Entretanto, também o clube reagiu, exigindo “a retirada do referido caso de estudo deste livro, que potencia a criação de um estigma injustificado sobre milhares de adeptos e sobre um clube que celebra, dentro de dois meses, o seu Centenário”.