Os azulejos da fachada de um imóvel do século XIX, em Viana do Castelo, totalmente reabilitado, são um dos pormenores do património da cidade que inspirou uma criadora local na coleção de acessórios a lançar, no sábado, naquele edifício.
“É uma casa lindíssima, com detalhes espetaculares que nos pareceu o sítio ideal para fazer a apresentação da coleção.(…) Um dos elementos de um dos guarda-chuvas é a fachada da Casa Manuel Espregueira de Oliveira que tem um azulejo riquíssimo e que funcionou muito bem, neste projeto”, afirmou Sofia Araújo.
A criadora de 35 anos de idade, que integrou no projeto da marca “Biana” um fotógrafo local, Vítor Roriz, adiantou que “a cidade tem imenso potencial que pode ser aproveitado”, nas mais diferentes áreas.
“Como estou ligada ao setor do vestuário e da moda aproveitar essa minha paixão pelo que é nosso e dar-lhe corpo e vida em objetos intemporais”.
A coleção, que integra guarda chuvas, carteiras em cortiça e camisolas, vai ser apresentada, no sábado, às 15h00, na Casa Manuel Espregueira de Oliveira, o mesmo local, que na quarta-feira, vai ser palco de uma sessão fotográfica com as peças do catálogo da coleção outono-inverno.
“Selecionamos imagens de monumentos, de momentos, como o fogo-de-artifício das festas da Agonia, os azulejos, o traje à Vianesa, a Praça da República, ícone da cidade, e detalhes das ruas antigas da cidade”, explicou Sofia Araújo, adiantando que os guarda-chuvas “podem ser utilizados pelos homens um público-alvo que ainda não tinha sido trabalhado”.
“As peças são 100% portuguesas e os tecidos são escolhidos criteriosamente, assim como as imagens nelas impressas, tornando as peças num produto cultural”, frisou.
Natural de Viana do Castelo, a empresária lançou a marca “Biana” em 2013, mas “o ‘boom'” nas vendas aconteceu em agosto passado, com os vestidos e camisolas com motivos das festas da Senhora da Agonia.
“A coleção de verão foi lançada no dia 01 de agosto e até às festas- entre 20 e 23 de agosto -vendemos mais de 400 peças”, afirmou, adiantando que a marca “já se espalhou por todo o país e pelo estrangeiro por ser vendida através da internet”.
“Pessoas que não têm nenhuma ligação à nossa cidade mas que ficam encantadas com o trabalho”, explicou.
A Casa Manuel Espregueira e Oliveira, um edifício histórico da cidade, datado do século XIX, foi reabilitada em 2013 através de um investimento privado superior a meio milhão de euros, que beneficiou de apoios à regeneração urbana concedidos pela autarquia local.
Em pleno centro histórico, o edifício, adquirido pelos atuais proprietários em 2004, foi entretanto convertido em casa de Turismo de Habitação, com seis suítes, possuindo biblioteca própria, auditório e jardim, entre outras valências.
A Casa Manuel Espregueira e Oliveira foi adquirida em 1900 pelo médico e militar Luís Augusto Oliveira.
Foi habitada pela sua família até à sua morte, em 1927. Foi entregue por herança ao seu filho, Manuel Espregueira e Oliveira, também figura ilustre e benemérito da cidade de Viana.
Em 1949, e por vontade do seu pai grande colecionador de arte, Manuel Espregueira doou por testamento todo o recheio da casa, composto por peças de arte, de faiança, de mobiliários e telas ao Museu de Artes Decorativas de Viana, situado no Largo de S. Domingos. As peças foram efetivamente transferidas para o Museu em 1953, depois da morte de Manuel Espregueira e Oliveira.