Neste Artigo
- Citou o cardeal Tolentino de Mendonça
- O seu percurso: devagar se vai ao longe
- Ao lado de Manuel Linda no Porto
- A primeira intervenção do cónego Rosmaninho já futuro bispo auxiliar do Porto
- Será um dos três auxiliares de Manuel Linda
- Terna essencial para escolher bispo
- “Seguir a Cristo” aconteceu a Rosmaninho
Roberto Rosmaninho, que nasceu em São Pedro de Rates, na Póvoa de Varzim, terá sido influenciado por aquele seguidor do Apóstolo Santiago, sendo desde muito jovem devoto de ambos os santos, além de caminheiro de Santiago de Compostela.
São Pedro de Rates, recorde-se, foi o primeiro bispo de Braga, tendo sido martirizado, como Santiago, pertencendo a paróquia poveira ao Arciprestado de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim, que, sua vez, faz parte integrante da Arquidiocese de Braga.
Uma das fotografias preferidas de Roberto Rosmaninho Mariz é precisamente uma imagem (aqui publicada) e que foi captada aquando de uma das suas peregrinações pedestres até Santiago de Compostela, bastante feliz, com o seu bastão de caminhada.
Em Braga, essa devoção traduziu-se, entre muitas outras tarefas, a ser guia espiritual da Associação Espaço Jacobeus, tendo o futuro bispo auxiliar do Porto recebido recentemente um grupo de mais de meia centena de peregrinos na Sé Catedral de Braga.
A receção do cónego Roberto Rosmaninho aos peregrinos galegos ocorreu há um mês, acompanhado de António Barroso, que coincidentemente é seu conterrâneo, da Póvoa de Varzim, adjunto do presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio.
Citou o cardeal Tolentino de Mendonça
Ao aceitar o encargo de ascender ao bispado, Roberto Romariz anunciou desde logo que o seu lema episcopal será “Como Barro nas Suas mãos” – “sicut lutum in manu mea” (cf. Jr 18, 6)”, explicando que “situo a existência humana como o barro que é moldado com amor e ternura pelas mãos de Deus, que nunca desperdiça o barro [ser] humano, mas sempre o acarinha e refaz com a Sua bondade”.
“Deus nos dê a graça de sermos moldáveis pela misericórdia de Deus e de sermos mãos que cuidam dos outros. “Continuamos e continuaremos até ao fim um barro fresco, um sonho possível nas mãos desse Oleiro apaixonado que é Deus”, escreveu o futuro bispo auxiliar do Porto, citando o cardeal português Tolentino de Mendonça, por sua vez com uma ascensão continuada no Vaticano, em Roma.
Ao dirigir-se já à Diocese do Porto, Roberto Rosmaninho afirmou: “integrar-me no tema pastoral da Diocese do Porto do corrente ano: ‘Abraça o Presente! Juntos por um caminho novo’, para me situar nesse abraço e nesse caminho novo realizado em conjunto, tendo como modelo Nossa Senhora ao visitar, abraçar e ajudar a prima Santa Isabel, Nossa Senhora da Assunção, Padroeira da Diocese do Porto, me proteja com a ternura de uma mãe que nos acaricia e ampara”.
O seu percurso: devagar se vai ao longe
O cónego Roberto Rosmaninho Mariz nasceu em 13 de janeiro de 1974, na Paróquia de São Pedro em Rates, Póvoa de Varzim, numa zona histórica cruzando com os concelhos de Famalicão, de Vila do Conde e de Barcelos, em pleno Entre Douro e Minho.
Completada a educação primária na escola da sua paróquia natal, ingressou no Seminário Menor Nossa Senhora da Conceição, em Braga, seguindo o curso de Teologia na Universidade Católica Portuguesa, Sede de Braga, tendo sido ordenado sacerdote em 19 de julho de 1998, sendo incardinado na Arquidiocese de Braga.
Após a Ordenação presbiteral estudou Sociologia na Universidade do Minho onde obteve a licenciatura; continuou a estudar na Universidade Católica Portuguesa, Sede de Braga, obtendo o doutoramento em Estudos de Religião com a tese “O Rosto Social da Religião – As Motivações Religiosas das Organizações Sócio Caritativas Católicas”, área em que se tem destacado, em Braga, embora de uma forma particularmente discreta, atendendo ao seu próprio perfil e à especificidade dessa sua missão.
Foi pároco da Paróquia de São João Evangelista em Atães, de Santo Estevão, em Barros, de Santa Marinha em Penascais e São Mamede em Vilarinho, todas no Arciprestado de Vila Verde, tendo entre 2000 a 2006 sido arcipreste de Vila Verde, mais tarde pároco das Paróquias de São Paio e de Santa Eulália de Loureira, ambas em Vila Verde.
Nessa época foi também capelão da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Verde, capelão da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde e tesoureiro do Instituto Diocesano de Apoio ao Clero (IDAC).
Desde 30 de setembro de 2006, Roberto Rosmaninho Mariz é pároco da Paróquia de São José de São Lázaro, na cidade de Braga, tendo sido durante cinco anos, de 2012 a 2017 também Pároco da Paróquia de São Pedro de Lomar, na cidade de Braga.
Ao lado de Manuel Linda no Porto
O Papa nomeou sexta-feira dois novos bispos auxiliares para o Porto, Roberto Mariz e Joaquim Dionísio, aceitando a renúncia de Pio Alves de Sousa, até agora auxiliar da mesma diocese, que foi cónego em Braga, como anunciou o Vaticano.
O cónego Roberto Rosmaninho, pároco de São Lázaro, em Braga, além de ecónomo-tesoureiro da Arquidiocese de Braga e presidente da Irmandade de São Bento da Porta Aberta, em Rio Caldo, Terras de Bouro, no Gerês, é um dos dois sacerdotes nomeado bispo auxiliar do Porto, coadjuvando o bispo do Porto, Manuel Linda, com ordenação dia 23 de julho, em Braga.
Roberto Mariz, de 49 anos, era até agora o ecónomo-tesoureiro da Arquidiocese de Braga, para além de ser pároco de São José de São Lázaro, sendo nomeado com o título de Vita, antiga diocese na atual Tunísia, estando estes dias a passar as funções.
Joaquim Proença Dionísio, de 54 anos, estava ao serviço da Diocese de Lamego, onde era reitor do Santuário de Nossa Senhora da Lapa, pároco de São João Baptista em Quintela da Lapa, de Nossa Senhora das Neves em Granjal e de Nossa Senhora da Conceição em Lamosa, passando a ser ao lado de Roberto Romariz e Vitorino Soares, auxiliar de Manuel Linda, que por sua vez foi já bispo auxiliar de Braga, com uma passagem pela Capelania das Forças Armadas e de Segurança.
O bispo auxiliar foi nomeado com o título simbólico de Parténia, diocese histórica na atual Argélia, um título anteriormente atribuído a Jacques Gaillot, falecido a 12 de abril deste ano.
Um auxiliar bispo tem como missão coadjuvar o bispo diocesano nas tarefas apostólicas, sem direito de sucessão; na sua nomeação, é-lhe atribuído o título de uma diocese que existiu no passado.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reagiu com “alegria” a estas nomeações, através de uma nota, enviada à Agência Noticiosa ECCLESIA, desejando que “o Senhor abençoe Roberto Mariz e Joaquim Dionísio no ministério episcopal que são chamados a exercer na Diocese do Porto, em comunhão com o seu bispo diocesano e na proximidade pastoral ao Povo de Deus. Que a sua atividade pastoral nesta diocese e no âmbito da Conferência Episcopal contribua para a renovação da Igreja em Portugal, particularmente neste processo sinodal que estamos a viver em toda Igreja”, segundo escreveram todos os bispos.
A primeira intervenção do cónego Rosmaninho já futuro bispo auxiliar do Porto
A primeira intervenção do cónego Roberto Rosmaninho, já como futuro bispo auxiliar do Porto, foi esta sexta-feira, durante a apresentação do Programa do São João de Braga, de cuja Associação das Festas é o presidente da assembleia geral, momento registado, fotograficamente e em vídeo, por O MINHO, quando a grande maioria dos presentes ainda nem sabia da novidade.
De forma discreta, como é seu timbre, o cónego Roberto Rosmaninho Mariz teve uma intervenção de cerca de três minutos e seguida atentamente pelo público e individualidades convidadas para a apresentação das festividades sanjoaninas, que decorreu à porta da Capela de São João da Ponte, em São José de São Lázaro, onde o sacerdote é pároco há 17 anos e será até 23 julho.
Falando num púlpito em cerimónia com um misto de religioso e profano, esse foi precisamente o tema da intervenção do futuro Roberto Rosmaninho, que prendeu a assistência, devido à profundidade com que abordou a temática sanjoanina, só que de uma forma sistematizada e acessível, explicando o porquê e o significado religioso das comemorações do São João de Braga.
Exímio comunicador, orador por excelência, como ficou famoso nas suas celebrações missais, desde Vila Verde a Braga, mas com destaque para a Paróquia de São José de São Lázaro, que chegou a acumular com a vizinha Paróquia de Lomar, o futuro bispo auxiliar do Porto destacou desde logo, na sessão, que a própria Bíblia “recomenda a fé cruzar com a alegria e a diversão”.
“No final do quarto ano de teologia, tive a certeza que queria ser padre”
Roberto Rosmaninho
Roberto Rosmaninho destacou “a dimensão religiosa” que faz parte dos festejos sanjoaninos, assim como as suas componentes culturais e históricas, porque, segundo o prelado, “as pessoas divertirem-se faz falta à vida e à existência humana”, recordando que “este fim de semana teremos 23 mil escuteiros a festejarem o centenário do escutismo que, em Portugal, nasceu em Braga”.
Acerca das Jornadas Mundiais da Juventude, em Lisboa, Roberto Rosmaninho, destacando que “também de Braga irão para Lisboa, cruzando esse evento com São João Baptista, em que Nossa Senhora vai apressadamente ter com a sua prima Isabel, o que será retratado na procissão”, informando que José Cordeiro, arcebispo de Braga, irá presidir às principais celebrações.
Será um dos três auxiliares de Manuel Linda
Manuel Linda, bispo residente do Porto, anunciou já que os novos auxiliares serão ordenados bispos nas respetivas Dioceses Roberto Mariz, em Braga, a 23 de julho e Joaquim Dionísio, em Lamego, a 16 de julho.
Entretanto, o Papa Francisco aceitou, também esta sexta-feira, a renúncia anterior bispo auxiliar, Pio Alves, de 78 anos, ordenado presbítero a 15 de agosto de 1968 na Sé de Braga e nomeado bispo pelo Papa Bento XVI a 18 de fevereiro de 2011, tendo a ordenação episcopal decorrido a 10 de abril desse ano.
Na diocese portuense, Pio Alves de Sousa, que foi administrador apostólico (bispo principal provisoriamente), antes da sucessão de Manuel Clemente por António Francisco dos Santos, entre julho de 2013 e abril de 2014, mas desempenhou funções durante muitos dos na Arquidiocese de Braga.
A Diocese do Porto, está situada ao Norte do País ao longo do litoral atlântico e prolonga-se em direção ao interior pela margem esquerda do Rio Ave e Vizela até ao vale do Tâmega (inclusive), sendo limitada a Sul pelo Vale do Rio Douro.
O território, com uma área de 3.010 quilómetros quadrados, engloba 26 concelhos, 17 dos quais pertencem ao distrito do Porto, oito ao distrito de Aveiro e um ao distrito de Braga; tem quatro regiões pastorais, 22 vigararias e 477 paróquias, que servem uma população de cerca de dois milhões de pessoas.
Terna essencial para escolher bispo
A escolha de Roberto Rosmaninho, aliás, como sucede com todos os futuros bispos, resulta da fase final terna, isto é, um conjunto de três nomes (daí o termo, terna) que o Núncio Apostólico apresenta à Santa Sé, depois de longo e complexo processo secreto, em que são recolhidas opiniões não só no seio da Igreja Católica, como da própria sociedade civil e individualidades.
Para algum sacerdote católico ser indiciado como candidato a bispo, há desde logo, cinco condições que têm de ser preenchidas, em conjunto, segundo estabelece o Código de Direito Canónico: Para que alguém seja considerado idóneo para o Episcopado: tenha fé firme, bons costumes, piedade, zelo das almas, sabedoria, prudência e seja eminente em virtudes humanas e dotado das demais qualidades, que o tornem apto a desempenhar o ofício (1); goze de boa reputação (2); tenha, ao menos, trinta e cinco anos de idade (3); tenha sido ordenado presbítero pelo menos há cinco anos (4) e tenha adquirido o grau de doutor ou ao menos a licenciatura em sagrada Escritura, teologia ou direito canónico, num instituto de estudos superiores aprovado pela Sé Apostólica, ou ao menos seja verdadeiramente perito nestas disciplinas (5), todas as caraterísticas de Roberto Rosmaninho.
No limite até um ateu pode dar a sua opinião, se a isso foi convidado, sendo que no caso concreto de Roberto Rosmaninho, a sua ação de liderança no setor sócio caritativo, desde logo como presidente das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Braga, terá eventualmente sido decisiva para a sua escolha, que o “apanhou de surpresa”, como disse na sexta-feira.
Por outro lado, a sua elevada capacidade de trabalho, reconhecida por todos, o caráter pragmático, mas ao mesmo tempo muito sensível, com que gere todas as múltiplas atividades, incluindo-se a presidência da Irmandade de São Bento da Porta Aberta, em Rio Caldo, Terras de Bouro, terá pesado bastante na escolha final do Papa Francisco, a partir de terna enviada pelo Núncio Apostólico em Lisboa, Ivo Scapolo, há quase quatro anos a desempenhar funções diplomáticas como representante da Santa Sé, sabendo-se que o trabalho desenvolvido por Roberto Rosmaninho não passava despercebido mesmo fora da Igreja Católica.
Roberto Rosmaninho Mariz, mais do que uma vez contactado por O MINHO, desde o início da manhã desta sexta-feira, nunca esteve disponível para comentar a sua nomeação, por entender que tudo aquilo já difundido “pelas vias normais competentes”, os canais informativos da Igreja, eram suficientes, bem como os vídeos oficiais, que são praxe na comunicação social católica.
“Seguir a Cristo” aconteceu a Rosmaninho
Acerca da sua biografia, o cónego Roberto Rosmaninho teve a mesma posição, mas sobre a sua vocação inicial, que foi sendo materializada ao longo dos últimos anos quase 25 anos de atividade ininterrupta, estando prestes a atingir as chamadas bodas de prata sacerdotais, mas o seu depoimento, já aquando da Semana dos Seminários é elucidativo, quanto ao “seguir a Cristo”.
Roberto Rosmaninho revelou então ter entrado para o Seminário Menor de Braga no quinto ano (tinha pensado ser monge em Singeverga, em Santo Tirso, pois o seu primo estava lá) e afirma, curiosamente, “gostar de ter estado no seminário, porque ali jogava bastante futebol, mas também tinha de estudar”, considerando ainda que “o seminário, para mim, é um caminho do honestidade, verdade e lealdade”, como revelou no conjunto de depoimentos de sacerdotes sobra a passagem pelos seminários.
“No final do quarto ano de teologia, tive a certeza que queria ser padre”, acrescentou então Roberto Rosmaninho Mariz, de acordo com o qual “a vida de seminário é uma vida de sentir-se grato, sendo importante fazer um caminho sério, para que nos sintamos bem”, preconizando que “alicerçados em Cristo venceremos tudo”, segundo destacou o futuro bispo auxiliar do Porto.