O problema do “insuficiente financiamento da oferta de transportes” foi um dos temas que esteve em cima da mesa na reunião que a CDU realizou, esta quinta-feira, na sede da CIM do Ave, em Guimarães.
“Apesar dos territórios da CIM do Ave corresponderam a 5% da população nacional apenas são atribuídos 2% das verbas disponíveis”, diz a Direção da Organização Distrital de Braga (DORB) do PCP, para quem “há discriminação nos valores do financiamento via Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART) comparativamente com Lisboa e o Porto.
A delegação da CDU que se reuniu com a CIM do Ave era composta por Belmiro Magalhães, da Comissão Política do Comité Central do PCP, Mariana Silva, da Comissão Executiva do Partido Ecologista Os verdes, Simão Fernandes, da DORB e do Comité Central do PCP, e Bruna Alves, da DORB do PCP.
Na reunião, a CDU lembrou a proposta do PCP em sede de discussão do Orçamento do Estado para 2023 para reforço das verbas do PART e que mereceu a rejeição por parte do PS, PSD, CHEGA e IL.
Reclama Título Único
Em comunicado, a Coligação sublinha que o encontro teve lugar após ter sido aprovada a proposta da CDU que reclama a concretização de um Título Único Intermodal de Transporte para os territórios da CIM do Cávado e da CIM do Ave, abrangendo também a Área Metropolitana do Porto, nas Assembleias Municipais de Guimarães, Braga, Vila Nova de Famalicão e Fafe.
Na opinião da CDU, “só criando condições vantajosas é que as pessoas podem reduzir a utilização do transporte particular”. “O PART, iniciado em 2019, levou a um aumento global de passageiros nos transportes públicos e teve um impacto significativo no financiamento do sistema de transportes, na poupança das famílias e na simplificação dos sistemas tarifários, atraindo assim novos passageiros para o transporte público coletivo”, refere.
Acrescenta que o passe intermodal facilitou a utilização dos transportes públicos geridos pelas diferentes operadoras respondendo às necessidades da população. O exemplo das Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa com a criação de um passe no valor de 40 euros, que permite viajar em toda a área metropolitana sem ter de adquirir diferentes passes, conforme as operadoras que gerem o serviço, “pode e deve ser replicado no distrito de Braga”.
Falta de vontade política
A necessidade do reforço da fiscalização da concessão foi outra das preocupações abordadas.
Para a CDU, “só a falta de vontade política explica que aquilo que a realidade vivida no Porto e em Lisboa, no que aos transportes públicos coletivos diz respeito, não se concretize na região de Braga e no resto do país”.
“A forma como tem vindo a decorrer a concessão Ave Mobilidade, que serve as populações de Cabeceiras de Basto, Fafe, Guimarães, Mondim de Basto, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão e Vizela, e que entrou em vigor no dia 1 de Dezembro de 2022, foi também objeto de troca de impressões”, assinala.
Na reunião, a CDU partilhou, ainda, queixas de utentes relativamente à falta de oferta. Relembrou também as queixas sobre as condições de trabalho e remunerações dos trabalhadores da concessionária Transdev.