O Plano de Pormenor de Salvaguarda do património “ancestral” da branda de Santo António de Vale de Poldros, em Riba de Mouro, Monção, vai estar em audição pública por 15 dias, segundo edital publicado hoje em Diário da República.
Segundo o edital, o período de participação preventiva ao Plano de Pormenor da Salvaguarda de Santo António de Vale de Poldros de 15 dias começa na quarta-feira.
A branda de Santo António de Vale de Poldros, situada na aldeia de Riba de Mouro, no concelho de Monção, está localizada a cerca de 1.200 metros de altitude na serra da Peneda, à entrada do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG).
Os interessados “poderão proceder à formulação de sugestões, bem como à apresentação de informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do respetivo procedimento de elaboração”, daquele instrumento.
Uma branda ou inverneira é constituída por cardenhas, construções rudimentares feitas em granito e xisto que formam um conjunto ímpar não só pela sua tipicidade, como também por serem de fácil acesso.
As cardenhas eram os abrigos dos brandeiros, pastores e agricultores que cumpriam a chamada transumância. Permaneciam naquelas casas rústicas de abril a setembro, para retirar partido de melhores pastos. Regressavam à aldeia quando as chuvas e ventos agrestes prenunciavam o fim de mais um ciclo.
Anteriormente, a Câmara de Monção explicou que o plano “pretende preservar os valores patrimoniais e culturais daquela área, maximizando as sinergias e potencialidades e minimizando os impactos negativos”.
O documento, cuja elaboração foi aprovada numa reunião descentralizada da Câmara de Monção, de maioria social-democrata, realizada na freguesia de Parada, “preconiza a conservação e valorização de todos os edifícios e espaços públicos, visando a preservação da área intervencionada”.
“Santo António de Vale de Poldros é um espaço de memória com enorme potencial cultural e turístico. O plano de pormenor vai criar um conjunto de regras precisas, cujo objetivo incide na preservação e valorização deste habitat natural com uma beleza estonteante”, afirmou, na altura, o presidente da Câmara, António Barbosa.
O plano agora em audição pública visa ainda “definir as condicionantes formais e funcionais dos futuros projetos urbanísticos naquela zona protegida, cuja extensão abrange 16 hectares”.
Com aquele instrumento, “estarão criadas as condições para prevenir eventuais impactos negativos e projetar uma estratégia equilibrada e sustentada”.
A branda de Santo António de Vale de Poldros “ergue-se sobranceira ao rio Vez, proporcionando fantásticas panorâmicas sobre toda a região”.
Além da importância do conjunto arquitetónico, o património cultural e social é outra das apostas do plano de salvaguarda daquela zona que “desempenha um papel relevante como motor de desenvolvimento económico e turístico”.
Em Vale do Poldros, lugar de Riba de Mouro, venera-se, em meados de junho, o Santo António. Nesta data, centenas de peregrinos sobem às brandas para venerar o padroeiro.
Além da componente religiosa, o programa da romaria inclui encontro de tocadores de concertina, encontro de rusgas e corridas de cavalos, entre outros números.
A festividade é muito participada pela população local e dos concelhos vizinhos de Melgaço e Arcos de Valdevez. Os “habitantes mais antigos de Riba de Mouro contam que, noutros tempos, quem não arranjasse namorado/a na festa, ficaria sem namorar durante todo o verão”.