Chama-se Andrea Cisternino, é italiano e possui um abrigo na Ucrânia onde coabitam cerca de 400 animais. Por esse factor, não quer sair da zona de conflito, mesmo que isso signifique a sua morte.
Em entrevista à Euronews, o italiano, que foi durante muitos anos fotógrafo de Moda, revela que tomou a decisão em conjunto com a mulher ucraniana – de não deixar o abrigo e continuar a resgatar animais que tenham sido abandonados por causa da guerra.
A residir a cerca de 13 quilómetros da capital Kiev, que estará em vias de sofrer uma invasão russa, Andrea explica que “400 animais é um número muito grande para transportar para qualquer lugar”, para além da construção do espaço ter exigido muitos sacrifícios pessoais.
Mesmo com bombardeamentos e troca de tiros a cerca de um quilómetro da propriedade onde reside, já há 13 anos, crê ser necessário ficar para tomar conta dos animais.
“Há cavalos, vacas, cães, gatos… um pouco de tudo. Não é fácil deixar tudo para trás”, afirmou o italiano, relembrando que, em 2012, depois de uma ordem do Governo ucraniano para o abate de animais abandonados, o seu abrigo inicial foi queimado por “caçadores de cães”, em troca de recompensas.
Acerca da invasão russa, Andrea confessa que nunca imaginou que Putin “pudesse fazer esta loucura, porque para mim, é o que é – pura loucura”.
Contudo, admite que já tinha guardadas provisões extra para alimentar os animais, devido à situação bélica na região de Donbass, que dura desde 2014, e que lhe vale agora um fôlego extra para poder continuar a gerir o abrigo e a recolher mais animais – tantos quanto possível.
A Rússia lançou na madrugada há uma semana uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.
As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e cerca de um milhão de refugiados, segundo a ONU.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.