Três juízes de instrução do tribunal de Paris foram designados na segunda-feira para investigar as acusações de rapto, sequestro e tortura de um lobista franco-argelino, Tayeb Benabderrahmane, que envolvem o presidente do PSG e CEO do grupo que se tornou um dos acionistas maioritários do SC Braga, Nasser al-Khelaifi, e estão relacionadas com a posse de documentos sensíveis. Esta informação foi divulgada por uma fonte judicial à Agência France-Press e citada pelo jornal L’Equipe.
Tayeb Benabderrahmane, de 42 anos, apresentou uma queixa-crime com constituição de parte civil, um procedimento que permite quase sistematicamente obter uma investigação judicial, por tortura, rapto e sequestro. De acordo com o L’Equipe, foi aberta uma investigação judicial no final de janeiro, confirmou uma fonte judicial, corroborando uma informação da France Inter, e três juízes de instrução foram nomeados.
Na queixa, a alegada vítima denuncia a sua detenção no Qatar em janeiro de 2020, onde se instalou três meses antes para realizar atividades de lobby. Afirma que ficou preso durante seis meses e foi torturado, depois colocado em prisão domiciliária e, finalmente, autorizado a partir em novembro do mesmo ano, depois de assinar um protocolo de confidencialidade em que se comprometeu a não divulgar documentos “sensíveis” sobre Nasser al-Khelaifi.
Poderão ser informações contidas num telefone que lhe pertencia, relacionadas com a organização do Mundial de futebol no Qatar ou com a atribuição de direitos televisivos, especula o L’Equipe.
Nasser al-Khelaifi, presidente do grupo beIn Media, e Jérôme Valcke eram suspeitos de terem firmado um pacto às costas da FIFA num caso de direitos televisivos relacionado com os Mundiais de 2026 e 2030. Os dois homens foram absolvidos na Suíça em outubro de 2020, e novamente em recurso em junho de 2022.
Os advogados de Nasser al-Khelaifi não quiseram comentar, lembrando que estão sujeitos ao segredo profissional.
A posse desses documentos, considerados comprometedores, foi revelada durante a acusação de Tayeb Benabderrahmane e de dois antigos polícias num inquérito judicial separado por tráfico de influência e corrupção relacionados com o PSG, diz o L’Equipe.
Em outubro de 2022, a Qatar Sports Investments, do presidente do Paris Saint-German (PSG) Nasser Al-Khelaifi, divulgou a compra de 21,67% das ações da SAD do SC Braga, num negócio que, assegurou o clube bracarense, “salvaguarda a total autonomia de decisão” da administração atual do clube.
Citado em comunicado, o CEO da Qatar Sports Investments manifestou “orgulho” por investir num clube como o SC Braga, que classificou como “uma instituição portuguesa exemplar, com uma orgulhosa história e uma enorme ambição e reputação em busca da excelência dentro e fora do campo”.
Assegurou que o SC Braga continuaria o “seu caminho ambicioso”, garantindo apoio ao crescimento não só desportivo mas também comercial: “Como novos investidores e parceiros, esperamos ver inovação, crescimento e maior desenvolvimento no clube – tanto nas equipas masculina como feminina, mas também no âmbito comercial e da marca, das comunidades e dos negócios que o clube apoia – enquanto o SC Braga prossegue o seu caminho ambicioso”.
Al-Khelaifi, antigo tenista, empresário e filantropo de 49 anos, para além de gerir o fundo desportivo do Qatar é presidente do grupo beIN Media e do PSG, sendo considerado um dos homens mais poderosos no mundo do futebol na atualidade.
Notícia atualizada às 22h29 com inclusão no título da posição de CEO de al-Khelaifi.