Declarações após o jogo FC Porto-Vitória de Guimarães (3-0), da 34.ª e última jornada da I Liga de futebol, disputado hoje no Porto:
– Moreno Teixeira (treinador do Vitória SC): “Como líder, só tenho de me sentir super-orgulhoso e não digo isto de forma vaga. Se existir sinceridade no meio, ninguém acreditaria há 10 meses que conseguíssemos ir às competições europeias. Foi possível, porque tivemos um grupo fantástico. Tenho um grupo de atletas fantástico, um ‘staff’ que nunca permitiu que faltasse nada e uma administração que nos deu sempre todo o apoio. Tive fases difíceis da época e o mais fácil era dispensar um treinador jovem, inexperiente e que até vinha da equipa B, mas acreditaram em nós. Fico muito satisfeito e orgulhoso.
Não há muito a falar acerca de um jogo que fica muito condicionado ao primeiro minuto e meio [pela expulsão de Tomás Händel], no qual sofremos logo o primeiro golo ao oitavo minuto e, pouco depois, o 2-0. Não escondo que tive medo do desfecho do jogo. Poderia ter sido pior e até nisto fomos tendo um grupo sempre muito equilibrado e responsável.
Foi uma vitória normalíssima do FC Porto. Ficamos com uma sensação algo negativa, já que não conseguimos manter o quinto lugar, mas terá de passar. Há que perceber que a época foi positiva e não achar que, pelo jogo de hoje, as coisas foram mal feitas. Foi uma época fantástica e acabei de dizer no balneário que os nossos profissionais podem ir de férias com essa consciência bem tranquila de que são realmente grandes profissionais.
Por incrível que pareça, sofremos dois golos em contra-ataque: o primeiro num canto a nosso favor, em que estávamos desequilibrados atrás, em função de termos menos um homem, mas a responsabilidade é nossa; o segundo com uma tentativa de termos bola.
Ao intervalo, disse aos jogadores que é muito difícil estar em campo nestes contextos. O desafio que lhes lancei era não sofrer mais golos na segunda parte. Recordo-me de uma oportunidade do Taremi e não vi mais. Eles responderam de forma positiva. Estive com medo do avolumar do resultado, mas grupo não merecia sair de cá com esse desfecho.
Acho que hoje o Vitória SC estará bem mais preparado para a próxima época do que há 10 meses. Agora, a dificuldade deste campeonato é muito grande. É tempo de descansar, mas o meu descanso será a partilhar ideias com mais treinadores para tirar o quarto nível. Felizmente, lá estarei. Não me parece que seja o momento para falar dessa próxima época, a não ser que diga que as coisas estarão melhores do que há 10 meses.
Uma coisa que me dá prazer enorme ver é o crescimento que os atletas tiveram ao longo desta época. Ninguém esperava que o Dani [Silva] tivesse o rendimento que teve e que aparecesse da forma como apareceu. Como ele, temos ainda [Miguel] Maga, [Ibrahima] Bamba e Afonso [Freitas]. Os nomes mais experientes que temos neste grupo também fizeram uma época fantástica, mas isto dá-me satisfação e suporte para a nova época”.
– Sérgio Conceição (treinador do FC Porto): “Já conquistámos dois títulos, temos ainda a possibilidade de ir à procura do terceiro [frente ao SC Braga na final da Taça de Portugal] e conseguimos passar a fase de grupos da Liga dos Campeões. Tem sido um ano positivo, mas era muito positivo se também tivéssemos conquistado o campeonato.
A nossa primeira volta foi inferior àquilo que era expectável. Conseguimos fazer a melhor segunda volta de sempre e isto é de louvar, mesmo não sendo suficiente para ganhar o campeonato. Somos a equipa que mais pontuou nas partidas realizadas entre os quatro primeiros classificados. Agora, olhamos para os jogos em que perdemos pontos e foi no início que isso aconteceu. Faltou-nos aquela consistência que tivemos na segunda volta.
É muito difícil arranjar palavras para descrever aquilo que sinto. Como sinto que ficámos pontualmente perto do Benfica, e por aquilo que tinha dito neste sítio onde estou sentado após o jogo com a equipa que ganhou o campeonato, acho que somos a melhor equipa.
É frustrante e angustiante perder. Não estou habituado a perder muitas vezes nem gosto. Demos o máximo, somos exigentes e pertencemos a um clube que deu uma marca muito forte, não só provas nacionais, mas também na Europa, principalmente nestes últimos 40 anos. Eu encaixo nesse mau feitio de não gostar de perder e de querer ganhar sempre e diariamente nos treinos. Quando não se ganha, com certeza que o jantar não será bom”.