Há suspeitas de fraude eleitoral na Póvoa de Lanhoso. O Tribunal Judicial de Braga encaminhou para o Ministério Público a ata do apuramento intermédio das eleições legislativas de 10 de março no distrito de Braga, pedindo-lhe que abra um inquérito-crime para investigar uma eventual fraude eleitoral ocorrida em duas freguesias do concelho da Póvoa de Lanhoso. Que envolveu 18 votos, supostamente a favor da AD, mas que foram anulados.
As duas possíveis fraudes foram detetadas aquando da conferência dos votos enviados pelas diversas mesas do distrito, e que foram conferidas por uma Assembleia Intermédia de Apuramento, com vários membros, incluindo juristas e delegados dos partidos, sendo que, neste caso, apenas a AD e a CDU compareceram.
Fonte ligada ao processo revelou a O MINHO que a ata refere que, na mesa dois da União de Freguesias de Calvos e Frades, se detetaram possíveis irregularidades, consubstanciadas na anulação de nove boletins de voto, por terem sido rabiscados os quadrados da AD (Aliança Democrática), onde uma cruz havia sido escrita pelo eleitor com cor negra, a que correspondia à esferográfica existente na cabina. Tal resultou na anulação dos votos.
O mesmo se terá passado na Mesa 1 da União de Freguesias de Campos e Lordelo onde foram anulados outros nove votos, que seriam a favor da AD, e com o mesmo método, o de escrevinhar uns riscos, a tinta azul, em cima do quadrado onde o eleitor tinha colocado a respetiva cruz.
Unanimidade no envio ao MP
A Assembleia de Apuramento Intermédio, presidida pelo juiz-presidente do Tribunal, João Paulo Pereira, deliberou, por isso, e por unanimidade, enviar cópia certificada da ata para o DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal), assim como os originais das atas das duas mesas de voto e dos votos anulados.
A ata foi, também, enviada à Comissão Nacional de Eleições.
Um dos delegados da AD na Assembleia disse a O MINHO que a coligação está a estudar o modo como se irá constituir como assistente no processo.
Uma outra fonte adiantou que, na contagem dos votos nulos, permitiu concluir, “sem grande margem de erro” que 80 por cento dos votos nulos no distrito de Braga eram destinados à AD: “Os eleitores enganaram-se, puseram a cruz no partido ADN e, apercebendo-se disso, em vez de irem pedir à mesa outro boletim de voto, riscavam a cruz que haviam feito e faziam uma nova na AD. Ou seja, anulavam, ainda que involuntariamente, o seu voto”.
2022 em investigação
Entretanto, uma outra fonte judicial revelou a O MINHO que o MP está a investigar supostas manobras de fraude ocorridas no distrito de Braga nas eleições de 2022. Estão a ser ouvidos os membros das mesas de voto e os da Assembleia de Apuramento Intermédio das eleições legislativas de 30 de janeiro daquele ano.
Foram detetadas seis irregularidades em mesas de Barcelos, Vila Verde, Braga e Famalicão.
Três delas – dizia O MINHO em 18 de fevereiro desse ano – reportam-se a casos de suspeita de votos anulados propositadamente por alguém da Mesa, em Manhente, Barcelos (mesas um e dois) e em Turiz, Vila Verde. As outras três referem-se a eleitores que tentaram votar presencialmente, mas que já o teriam feito antecipadamente, tendo as mesas o respetivo voto em envelope. Estas tentativas deram-se nas freguesias de Ribeirão e da União das freguesias de Vila Nova de Famalicão e Calendário, ambas em Famalicão, e na de São Vicente, em Braga.