No âmbito das comemorações dos seus 145 anos, os Bombeiros Voluntários de Guimarães inauguraram na manhã de sábado uma obra do pintor Pedro Guimarães. O quadro passa, a partir de agora, a pontificar numa das paredes da entrada principal do quartel.
Duas mãos com os dedos entrelaçados formam uma espécie de coração. “O tema vai um pouco na continuidade do trabalho que eu já tinha feito, há alguns meses, nos elevadores do Hospital”, revela Pedro Guimarães. “É um apelo à humanização, à comunicação e união entre os serviços porque nestes casos trata-se de salvar vidas”, afirma. O artista refere-se ainda à necessidade de a comunidade perceber o trabalho dos bombeiros, “que nem sempre podem chegar num minuto”.
Para o pintor, “a inspiração foi fácil”, porque sinto a instituição e conheço-a, é a minha cidade. Pedro podia trabalhar em qualquer lugar do mundo, por onde tem a sua obra espalhada, mas escolheu viver na sua cidade. “Não faria sentido de outra forma, já que é aqui que venho buscar a minha inspiração”, confessa. Para o pintor, estar rodeado da família e dos amigos é muito importante.
Os vimaranenses tem-lhe devolvido o carinho e isso nota-se quando de encontram as sua obras um pouco por todo o território. O Hospital Senhora da Oliveira e os Bombeiros Voluntários são dois exemplos, mas há outros, como a Farmácia Amorim, em Nespereira, já nomeada para vários prémios.
Uma explosão de cores
Quem conhece as obras de Pedro Guimarães sabe que são uma explosão de cores, contudo harmoniosa. O artista confidencia que nem sempre foi assim, houve uma fase, em que pintava mais figura humana a preto e branco. “Por volta de 2001, estive a viver um tempo em Espanha, nessa altura comecei a trabalhar com o abstrato cromático e ganhei o prémio Arte Cantábria [2005]. O que faço é cruzar as técnicas novas, adicionando”, revela.
Pintar Maria Cavaco Silva, em 2014, foi uma encomenda que cumpriu com gosto, “mas nem sequer é um momento que eu considere como determinante”. A obra, numa técnica 3VD, permite uma visão da esposa do ex-presidente de três perspetivas diferentes. Para Pedro Guimarães, o que foi “mesmo marcante” foi a exposição no Museu do Fado, em 2016. “A exposição era para ficar um mês e ficou seis, foi a mais visitada de sempre do museu”, conta.
Pedro Guimarães nasceu em 1974, na cidade que lhe emprestou o nome. O seu percurso formativo passou pela na área das artes, do design e desenho criativo. Os trabalhos do artista vimaranense fazem parte de coleções privadas um pouco por todo o mundo: Nigéria, Suécia, Holanda, EUA, Nova Zelândia, Arábia Saudita, França, Espanha, Angola, Porto Rico e Líbano. Desde janeiro de 2016, o seu trabalho está exposto na Georges Bergès Gallery, em Nova Iorque. A partir de hoje, ficou mais intimamente ligado à sua cidade natal, através de uma das suas instituições mais queridas.