Alegadas descargas, no rio Lima, de lamas provenientes das pedreiras localizadas na freguesia de Arcozelo, em Ponte de Lima, foram alvo de uma queixa particular junto das autoridades competentes. A denúncia a que O MINHO teve acesso dá conta “de descargas constantes” para o rio Labruja que depois chegam ao Lima, onde desagua. O presidente da Junta reconhece a existência do problema que espera ficar resolvido com a criação do pólo industrial do granito.
“Estamos todos fartos do rio Lima estar sempre branco das lamas das pedreiras de Arcozelo”. É assim que começa a denúncia que chegou às autoridades oficiais. Em causa estão as descargas de lamas provenientes das pedreiras, instaladas na freguesia de Arcozelo, no rio Labruja. E daí para o Lima.
“É verdade que a margem direita do Lima aparece, por vezes, esbranquiçada, sobretudo quando há fortes chuvadas”, reconhece o presidente da junta, António Fiúza, que atribuiu a causa “às pedreiras. Não acredito que haja descargas diretas porque a fiscalização é tremenda”.
Segundo o autarca contactado por O MINHO, “a própria junta já fez denúncias ao SEPNA para que se descubra a origem das descargas”. O MINHO sabe que em finais de Abril, a entidade nacional de fiscalização já esteve em Arcozelo para se inteirar das condições das pedreiras. “Se não estiver tudo legal terão que encerrar”, revela o autarca.
Bacias de retenção
A denúncia dá ainda conta de se “estarem a enterrar milhares de camiões da lamas das serras de corte nos buracos das pedreiras de donde tiram a pedra. Estas lamas depois com a chuva vão parar aos ribeiros e ao rio”. Estes ‘buracos’ são chamados de ‘bacias de retenção’ “obrigatórias no licenciamento das pedreiras”, como explica António Fiúza.
Segundo a queixa, o presidente da Junta terá passado uma declaração para a instalação destas bacias de retenção, em terreno da freguesia, sem que o caso tivesse sido abordado em assembleia de freguesia.
António Fiúza defende-se: “não é necessário a aprovação da assembleia de freguesia porque como é uma obrigatoriedade legal, eu tenho poderes para passar a declaração”.
Polo Industrial do Granito
António Fiúza está “esperançado” que a criação do polo industrial do granito, um investimento de 4,4 milhões de euros, já está em andamento, “venha resolver a grande maioria destes problemas”.
No entanto, o autarca não descarta que possa, no futuro, haver novas descargas: “estamos a falar de encostas, com chuvas muito fortes e por muito que tudo esteja em ordem, não se fica livre de voltar a acontecer”.