‘Jovens ao Leme’. Assim se chama o projeto de inclusão social desenvolvido pela Câmara de Vieira do Minho junto de crianças e jovens de contextos vulneráveis. Classificado em nono lugar em 103 projetos nacionais aprovados pelo Programa ‘Escolhas’, o projeto está centrado no Bairro Social Nossa Senhora da Fé e envolve 180 crianças, jovens e familiares.
O espaço requalificado em pleno Bairro Social tem mesas, cadeiras, computadores e paredes forradas com inúmeros cartazes. Cerca de 50 crianças e jovens passam por lá todos os dias, seja para estudar, fazer trabalhos ou planear actividades futuras.
Há quem, ainda, torça o nariz à ‘invasão’ de um bairro, reconhecidamente problemático, sobretudo, os familiares destes jovens. “É um bairro caracterizado pelas dependências, desemprego e comportamentos desviantes. Mas começa a mudar”, reconhece o presidente da câmara a O MINHO.
“Os resultados falam por si, há mais aproveitamento escolar, menos abandono escolar e uma maior participação social de todos”, revela o autarca.
António Cardoso dá exemplos: “havia aqui jovens que não saíam do bairro. Que nem olhavam para as pessoas. Jovens que não iam à escola e faziam bastantes asneiras. Um ano depois são os primeiros a participar nas atividades, a dar ideias, a irem à escola e há quem tenha passado a ter notas melhores notas”.
Insucesso escolar, absentismo e abandono escolar, défice de atitudes e valores para o desenvolvimento de competências pessoas e sociais e exercício da cidadania, vazio ocupacional nos tempos livres são as áreas trabalhadas pelo projeto.
O sucesso da primeira edição do ‘Jovens ao Leme’ levou a autarquia a avançar com uma segunda geração do projeto. “Criamos um espaço, no próprio bairro, com técnicos permanentes para ocupar estes jovens nas férias e nos períodos não-escolares e desenvolvemos uma série de actividades ocupacionais”, refere Mafalda Carvalho, a coordenadora do projeto.
A ajudar na concretização deste projecto estão jovens voluntários, pagos pela autarquia.
Espaço Leme
Apoio ao estudo, mentoria escolar, jogos matemáticos, animação de recreios escolares, certificação em TIC, educação parental, clube de cidadania e saúde, descoberta do património local, serviço na comunidade e expressões artísticas são algumas das actividades desenvolvidos no espaço criado de raiz.
“Há jovens com 15/16 anos que foram à praia e ao cinema pela primeira vez porque existe o ‘Jovens ao Leme’”, revela Mafalda Carvalho. O projeto está delineado para abranger idades compreendidas entre os 6 e os 25 anos.
Quanto às famílias, “há quem deixe andar mas também quem participe e se interesse pelo que os filhos estão a fazer”. O espaço está disponível de segunda a sábado e “ainda há domingos em que temos actividades porque eles nos pedem”.
Participação social
Uma das maiores ‘conquistas’ do ‘Jovens ao Leme’ foi a participação em iniciativas municipais de grande visibilidade como a Via-Sacra ou o Carnaval. “Na Assembleia de Jovens manifestam a sua opinião e não há nada que lhes seja imposto porque ouvimos sempre o que têm para nos dizer”, diz o presidente da câmara.
“Vieira do Minho precisava de uma resposta estruturada para responder a um problema que existia: tínhamos um bairro social com algumas situações difíceis. Este projeto vem ao encontro das necessidades identificadas pelos técnicos e moradores. Os resultados são muito positivos e por isso, é que foi reconhecido a nível nacional”, acrescenta António Cardoso.
O autarca recorda que “naquele bairro não havia nada e agora têm um espaço com informática, de partilha e de convívio. O nosso objectivo é que sejam jovens ao leme das suas próprias vidas”.
Financiamento
O ‘Jovens ao Leme’ conta com financiamento estatal através do programa ‘Escolhas’ mas é, intenção do Município continuar com ele, no futuro. “Entre janeiro e março, enquanto esperávamos para saber se a segunda geração do nosso projeto era aprovada, foi a autarquia que suportou todas as despesas”.
Por isso, para António Cardoso, “este é um sinal que o ‘Jovens ao Leme’ tem que continuar e iremos procurar candidaturas onde possamos enquadrar o projeto. Se tal, não for possível, a autarquia assume o financiamento porque consideramos que é uma mais-valia, até na prevenção de comportamentos desviantes”.