O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu hoje que o Governo “está obrigado” a responder aos problemas dos professores e que terá uma oportunidade nos próximos dias para o fazer, considerando que “não tem outra alternativa”.
“O Governo está obrigado a dar resposta aos problemas [dos professores], acho que não tem outra alternativa”, afirmou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas na praça do Rossio, em Lisboa, onde marcou presença numa concentração de professores no âmbito do primeiro dia de greve promovida pela Federação Nacional de Professores (Fenprof) e outras sete organizações sindicais.
Perante os jornalistas, Paulo Raimundo defendeu que “tem de haver vontade política” da parte do Governo para responder às exigências dos professores, avisando que “os problemas que são acumulados, que não são resolvidos, tenderão a piorar”.
“Eu acho que o Governo tem uma oportunidade nos próximos dias de dar resposta a estes problemas. Agora vamos ver qual é a opção do Governo”, frisou.
O secretário-geral do PCP considerou que tem havido um “profundo desrespeito” para com os professores, salientando que “basta ver os anos em que as suas carreiras estão congeladas” e em que “não se dá resposta aos problemas concretos”.
Sobre a proposta do Governo – avançada pela RTP no domingo à noite – de vinculação dos professores ao fim de três anos completos de serviço a contrato, Paulo Raimundo disse que se trata de uma “medida que já está em vigor”.
“Não há aí grande novidade nisso. Nem sei muito bom como é que isso surgiu”, referiu, reiterando que é necessário encontrar “resposta aos problemas” e não “manobras”.
Paulo Raimundo considerou ainda que o facto de o ministério da Educação ter afirmado que está a verificar e legalidade do recurso a fundos de greve é uma “forma de pressionar” e advertiu que esse não “é um bom caminho”.
“Os professores não podem ser cobaias de uma tentativa de alteração à lei da greve, que é isso que pode estar em causa”, alertou.
Para Paulo Raimundo, “o que o ministro da Educação devia fazer era concentrar todo o seu tempo, as suas forças e os seus instrumentos para resolver o problema dos professores”.
“O resto é para desviar as atenções, e é preciso é concentrar todo esse esforço na resolução dos problemas e no respeito que merecem”, salientou.
A greve de professores por distritos, convocada por uma plataforma de oito organizações sindicais, começou hoje e prolonga-se por 18 dias.
Depois do primeiro dia em Lisboa, a paralisação prossegue em Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu, terminando no Porto no dia 08 de fevereiro.
Esta greve realiza-se ao mesmo tempo em que decorrem outras duas paralisações: uma greve por tempo indeterminado, convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (STOP), que se iniciou em 09 de dezembro e vai manter-se, pelo menos, até ao final do mês, e uma greve parcial ao primeiro tempo de aulas convocada pelo Sindicato Independente de Professores e Educação (SIPE), que deverá prolongar-se até fevereiro.
Os professores contestam algumas das propostas apresentadas pelo Ministério da Educação no âmbito da negociação da revisão do regime de mobilidade e recrutamento de pessoal docente, mas reivindicam também soluções para problemas mais antigos, relacionados com a carreira docente, condições de trabalho e salariais.