Um movimento criado nas redes sociais está a convocar a população de Arcos de Valdevez para uma manifestação, na quinta-feira, contra a construção de uma barragem no rio Vez, em Sistelo.
A população da aldeia de Sistelo está contra o projeto por considerar que a míni hídrica “vai trazer impactos negativos na paisagem, na qualidade da água, e no património”.
No apelo à mobilização lançado na rede social Facebook, o protesto está anunciado para a Praça do Município, às 19:00. A junta de freguesia de Sistelo vai associar-se, conforme referiu à Lusa o autarca Sérgio Rodrigues.
Para a mesma hora, no edifício da Câmara Municipal, situado naquela praça, o executivo vai reunir-se em sessão extraordinária para emitir um parecer sobre o projeto.
Em causa está o Aproveitamento Hidroelétrico (AHE) de Sistelo que prevê a construção de uma central na margem direita do rio Vez, em Sistelo, para produção de energia elétrica, a qual será posteriormente injetada na Rede Elétrica Nacional através de uma linha área com seis quilómetros de extensão de ligação ao Posto de Corte de Alagoa de Cima.
O projeto agora em consulta pública, desde 11 de maio e até 05 de junho, sofreu algumas alterações, depois de em 2005 não ter avançado após ter merecido parecer condicionado.
O presidente da Junta de Freguesia de Sistelo explicou que a autarquia vai “associar-se” ao protesto como “forma de pressionar a Câmara Municipal a dar parecer negativo ao projeto”.
“Temos noção que a nossa luta é inglória mas é o que está ao nosso alcance. Agora a Câmara Municipal é que tem uma palavra a dizer”, sustentou Sérgio Rodrigues.
Sérgio Rodrigues explicou que aquela “posição de força” foi decidida no domingo passado na sequência de uma reunião promovida pela Junta de Freguesia, e onde “a população se manifestou, por unanimidade, contra a construção da míni hídrica”.
“Eu acredito que a Câmara Municipal vai dar parecer negativo porque não vai querer estar contra o povo”, disse o autarca, lembrando que em 2005 o projeto “não avançou porque o parecer então emitido estava condicionado à alteração do Plano Diretor Municipal (PDM), que a Câmara não promoveu”.
A semana passada houve uma tentativa de contactar a empresa promotora do empreendimento, a Hidrocentrais Reunidas, mas sem sucesso.
Na altura o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, João Esteves, apelou “à participação massiva da população na consulta pública”.
“Essa mobilização e participação poderá contribuir para a decisão que a Câmara e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) irão tomar sobre o assunto”, explicou na altura o autarca social-democrata.
Além de Arcos de Valdevez, o AHE de Sistelo abrange ainda as freguesias de Tangil e Merufe, no concelho de Monção.
O presidente da Câmara Municipal, Augusto Domingues, afirmou que “deverá dar parecer positivo, por não se colocar nenhuma objeção ao projeto”.
Na internet corre uma petição pública contra o projeto, com perto de 3.500 assinaturas e nas redes sociais foi criado um “Movimento para Salvar Sistelo” que já reúne perto de 4.800 seguidores.