O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN) exige aumentos salariais “sem perda de regalias” para os motoristas e acusa as empresas do setor de fazer dos trabalhadores “pau para toda a obra”.
Em declarações à Lusa, no dia em que trabalhadores daquele setor cumprem em Braga um dos dias de uma “greve surpresa”, marcada entre as 00:00 do dia 09 de abril às 24:00 do dia 20, o coordenador daquele sindicato, José Silva, acusou ainda a Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (ANTROP) de estar a fazer “chantagem” ao exigir que o STRUN assine um contrato com o qual não concorda e de se recusar a negociar.
Segundo explicou o sindicalista, aos motoristas é exigido que “carreguem passes, abasteçam e limpem as viaturas, varram, carreguem encomendas, fiquem responsáveis pelas encomendas”, sendo que “no final ganham um salário miserável de 604 ou 617 euros”.
“O que se passa é que os trabalhadores não têm aumento salarial há vários anos, os salários são uma miséria. A ANTROP e as entidades patronais recusam-se a negociarem, exigem que nós aceitemos que os trabalhadores sejam pau para toda a obra”, acusou José Silva.
Para o STRUN, “não é justo um motorista ter de fazer tudo” pelo que exigem “aumento salarial, mas sem perda de regalias”, defendo que o que pedem “não é nada de extraordinário”.
O sindicato pede que o salário base aumente para os 660 euros e acusam o patronato de não estar aberto a negociar.
“A ANTROP está a fazer chantagem porque teve um sindicato que em 2015 assinou [o que as empresas privadas propunham] e agora querem-nos obrigar a assinar aquilo que nós não queremos”, referiu o sindicalista.
José Silva partilhou ainda “o caso de uma empresa que reuniu na quarta com os trabalhadores, comprometeu-se que lhes dava um aumento salarial e só exigia que os mesmos carregassem os passes e abastecessem as viaturas”.
“Os trabalhadores confiaram na palavra da empresa, só que quando foi para fazer o documento a empresa já queria colocar isto tudo: encomendas, tudo. Esse documento a que se comprometeram estamos nós a fazê-lo, a dizer que aceitamos o carregamento de passes e abastecer as viaturas, o restante não”, salientou.
O STRUN promete “não baixar os braços na luta pelos trabalhadores”, pelo que não põe de parte novas greves.
“Se a ANTROP chegar a um acordo connosco, os restantes dias de greve podem ser desconvocados. Se não, pode haver nova greve em maio”, avisou.