A Junta de Freguesia de Laúndos, na Póvoa de Varzim, construiu um presépio em protesto com o mau cheiro oriundo do aterro sanitário localizado em Barcelos e inaugurado no início do ano.
É mais um protesto que aquela freguesia poveira relativamente ao recente aterro sanitário do Baixo Cávado e Vale do Lima, instalado na freguesia de Paradela, em Barcelos.
Neste presépio colocado numa rotunda na Estrada Nacional 205, que liga Barcelos à Póvoa de Varzim, Maria e José, assim como os reis magos, tapam o nariz devido ao mau cheiro. Já o Menino Jesus, “chora sem parar”.
“As expressões das imagens retratam o sofrimento e a angústia dos Lanutenses com os maus cheiros do aterro de Paradela”, refere a junta.
E prossegue: “A árvore mal cuidada representa uma pilha de resíduos mal tratados e o desrespeito pela mãe Natureza”.
A junta liderada pelo autarca Aires Pereira sublinha ainda que “ninguém escolhe o sítio para nascer, mas podemos escolher o local onde viver” e que os habitantes de Laúndos escolheram “esta linda terra”.
“Não vamos deixar que outros a estraguem”, atira.
O aterro é gerido pela Resulima, sociedade que tem como acionistas das câmaras de Barcelos, Esposende, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez (detêm 49% do capital) e a Empresa Geral do Fomento (51%).
No relatório dessa vistoria, a que agência Lusa teve acesso, a CCDRN confirmou existência de “odores incomodativos” e de oito inconformidades no funcionamento do equipamento, relacionados, sobretudo, com o modo de processamento e tratamento dos resíduos, dando um prazo de 30 dias para a Resulima apresentar um plano de ação, e de 180 dias para resolver os problemas.
Passado esse período, com o aterro a funcionar com uma licença provisória, apesar de a empresa ter dito que reforçou a cobertura dos resíduos e implementado medidas para mitigar a emissão de odores, o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim partilhou que as queixas da população não só se mantêm, como se agudizaram.
“A licença a título provisório chegou ao fim, e já notificámos, de novo, todas as entidades, que têm o dever de fiscalização, que a situação está ainda pior”, disse Aires Pereira.
O aterro em causa, localizado na freguesia de Paradela, operado pela Resulima, começou a ser construído em 2017 e foi implementado numa área de 14 hectares, tendo um custo de 28 milhões de euros e sido anunciado como um equipamento moderno e tecnologicamente avançado.
O equipamento situa-se a algumas centenas de metros de um antigo aterro na freguesia de poveira de Laúndos, que, depois de algumas décadas em funcionamento, foi recuperado e selado pela Lipor, empresa intermunicipal de gestão de resíduos do Grande Porto, em 2004, num investimento de 3,2 milhões de euros.