A incidência da gripe é praticamente nula em Portugal, revela o mais recente relatório do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA).
“A taxa de incidência de síndrome gripal (SG) foi de 0,0 por 100.000 habitantes”, lê-se no documento relativo à semana 49 (de 30 de novembro a 6 de dezembro), a última de que existem dados.
Das nove semanas de monitorização da gripe, desde que teve início a época gripal, em apenas três relatórios semanais do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge houve registo de casos pontuais de gripe.
Números tão baixos que não fizeram a taxa de incidência sair da chamada “zona basal”, ou seja, aquela em que é considerado que há ausência de atividade gripal.
Por esta altura, no ano passado, o vírus da gripe começava a entrar na zona de atividade baixa.
No entanto, o relatório adverte que “este valor deve ser interpretado tendo em conta que a população sob observação foi menor do que a observada em período homólogo de anos anteriores”.
Os especialistas referem a utilização de máscara e outras medidas decorrentes da pandemia de covid-19 como fator para praticamente não haver gripe.
“A implementação generalizada de medidas de controlo de infeção – o uso de máscaras, mais lavagem das mãos – protege para a SARS-CoV-2, para a gripe e para outros vírus respiratórios. São medidas que são comuns e são das mais eficazes no controlo de infeções, sejam virais sejam bacterianas”, explica, em declarações ao jornal Público, Cátia Caneiras, da Comissão de Trabalho de Infeciologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
Porém, Filipe Froes, pneumologista e coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a covid-19, ao mesmo jornal, alerta: “Não podemos dizer que não vamos ter gripe e termos uma surpresa que venha agravar mais a sobrecarga sobre os serviços de saúde. Não podemos atenuar comportamentos nem minorar medidas de prevenção”.