O Hospital de Braga é uma das dez novas unidades hospitalares aptas para receber doentes infetados com Covid-19 (coronavírus), anunciou a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas.
Em conferência de imprensa realizada na sexta-feira, a responsável da Direção-Geral de Saúde (DGS) apontou dez hospitais “de referência” já identificados para uma segunda fase, dois deles já a funcionar (Hospital de Santo António, no Porto, e Hospital Pediátrico de Coimbra).
“Temos identificados dez hospitais de referência para esta segunda fase de contenção e dois já a funcionar. No Porto, o Hospital de Santo António está activável e pode internar casos suspeitos e o Hospital Pediátrico de Coimbra, que ontem [quinta-feira] internou uma criança e cujos testes foram negativos”, revelou Graça Freitas.
Para além do Hospital de Braga, que está ainda em fase de preparação para a receção deste tipo de doentes, também a Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos e o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa são hospitais no Norte do país que servem como reforço para esta “nova vaga” de casos suspeitos que se têm revelado em Portugal.
ULS da Guarda, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (Hospital de Santa Maria e Hospital Pulido Valente), Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Ocidental (Hospital de Egas Moniz e Hospital de São Francisco Xavier), ULS Litoral Alentejano e Centro Hospitalar Universitário do Algarve são os restantes hospitais em vias de ativação.
Este reforço surge depois do aumento de casos suspeitos e de contactos para a Linha de Apoio SNS 24, na sequência do foco do vírus que se tem sentido no Norte de Itália.
“A Itália passou a ser um foco muito importante de doença. Há quatro áreas de transmissão comunitária, sendo a região de Lombardia, onde está Milão, a mais afectada. Praticamente de um dia para o outro, esta situação da Itália tornou-se explosiva. Juntou-se o Carnaval e muitas feiras que estavam a decorrer”, disse ainda Graça Freitas.
Em comunicado, ao final do dia de ontem, a DGS confirmou que, após 59 casos suspeitos de infeção por coronavírus, nenhum dos mesmos viu os testes resultarem em positivo, embora estejam ainda dois casos sob avaliação.
“De acordo com a informação atual, o risco para a saúde pública em Portugal é considerado moderado a elevado”, escreve a DGS no documento enviado à imprensa.
Portugal vai ter um milhão de infetados
Graça Freitas apontou ainda para a possibilidade de haver um milhão de portugueses infetados durante a propagação epidémica mais intensa, que deverá durar 12 a 14 semanas. Só numa semana, Graça Freitas estima a infeção de 21 mil portugueses.
“Estamos a fazer cenários para uma taxa total de ataque de 10% [um milhão de portugueses] e assumindo que vai haver uma propagação epidémica mais intensa durante, pelo menos, 12 a 14 semanas”, afirmou Graça Freitas, em entrevista ao semanário Expresso, publicada este sábado.
A diretora-geral da Saúde explicou que os estudos realizados estimam que 80% do total de infetados pelo novo coronavírus “vão ter doença ligeira a moderada”, 20% terão “doença mais grave” e apenas 5% uma “evolução crítica”.
Neste cenário, a taxa de mortalidade “será à volta de 2,3% e 2,4%”.
A responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) acrescentou que “no cenário mais plausível” poderá haver “cerca de 21.000 casos na semana mais crítica”, dos quais 19 mil poderão ter sintomas ligeiros, “como a gripe”, e 1.700 terão “de ser internados, nem todos em cuidados intensivos”.