Apresentação do cronista.
Chamo-me Manuel. Já fui mais novo.
Nasci em Viana numa manhã de Setembro.
Fui bonito até aos seis meses. Depois fui-me estragando por fora.
Por dentro também. Mas isso mais tarde. Já no tempo da primária. Comecei a achar graça às pequenas desgraças dos outros.
Também às minhas. Como não. Sou do Sporting. Português. Voto sempre nos que perdem. Sujeito-me constantemente a porrada sentimental.
Tenho vários defeitos e limitações. Nem sempre valorizo o que é importante. Perco a paciência com pouco. Mudo de humor com facilidade. Sou fraco de memória. Egoísta vezes demais. Sofro de ataques de preguiça. E nutro um extraordinário interesse por coisas que não interessam.
Pelas que interessam também. Felizmente. Por isso o meu tempo é escasso. Tenho sempre pressa. Mas mesmo a pressa me passa depressa.
Sou Farmacêutico. De bata, corpo, coração e alma. Levo a profissão a sério.
O resto nem sempre. “Malorrosamente”, como me disse um senhor emigrante.
Viajo muito. Quase quando quero. Aqui há tempos queria sempre. Agora estou bem assim.
Já me aturo facilmente de segunda a sábado. Aos domingos tento ser condescendente.
Comecei a escrever há uns anos. Nem sequer sei bem porquê. Talvez vontade de justificar qualquer coisa.
Hoje inicio-me neste jornal. Escreverei de vez em quando sobre isto e aquilo.
Não esperem de mim rigor. Muito menos profundidade.
O que eu gostava era de ter sido jogador da bola. E nem era preciso ser dos bons. Bastava um daqueles que marca de vez em quando.
Bem melhor do que escrever com uma mantinha nas pernas.