O elmo que o antigo rei D. Sebastião terá utilizado para combater na batalha de Alcácer-Quibir foi exposto ontem em Esposende, durante a primeira de oito conferências que pretendem celebrar os 450 anos da criação do concelho de Esposende (elevação a vila).
O comissário para as comemorações, Albino Penteado Neiva apontou o facto de o ciclo de conferências arrancar com a presença de um estudioso de D. Sebastião que se fez acompanhar de algumas peças raras “que são expostas ao público pela primeira vez”.
São estudos aturados e investigações que exigiriam “viver mais 300 anos, para poder ler todos os documentos em que há referências a D. Sebastião e que fazem parte da sua biblioteca e arquivo”. Mas Rainer Daehnhardt detém um acervo que é uma viagem pela vida de D. Sebastião, desde logo com o elmo que acompanhou o jovem rei na batalha de Alcácer-Quibir.
“Este elmo, em aço temperado, pesa mais de cinco quilos. Após análise cuidada, foram identificadas 89 ‘feridas’, provocadas por armas brancas. Estão todas na parte frontal do elmo, porque D. Sebastião nunca virou a cara ao inimigo”, afirma Rainer Daehnhardt.
O investigador abordou o tema “Armas e Armaduras de D. Sebastião” e, segundo este especialista no “estudo da evolução do Homem através da arma e sua utilização”, D. Sebastião não morreu a 04 de agosto de 1578, na batalha de Alcácer-Quibir. “Viveu até 1630 e tal, provavelmente até 1640 e tal”.
Entre o ideal de criar um Quinto Império “espiritual” e teorias da conspiração que rodearam a sua participação na fatídica batalha, Rainer Daehnhardt garante que, depois desta, D. Sebastião “esteve na Abissínia e depois na Pérsia, onde combateu e procurou ajudar os reinos cristãos”. Por isso, D. Sebastião “nem morreu em Alcácer-Quibir, nem está enterrado nos Jerónimos”, garante. Rainer cita o padre António Vieira que usou os seus textos e sermões para “apregoar” a necessidade desse Quinto Império.
Desde 1972 na presidência da Sociedade Portuguesa de Armas Antigas, Rainer Daehnhardt foi Comissário/Curador da Exposição patente na Torre de Belém, integrada na XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura – Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento.
As conferências prosseguem a 21 de outubro, com Franquelim Neiva Soares e com Aurélio Oliveira, a 18 de novembro. Em janeiro são retomadas as conferências, com António Maranhão Peixoto, no dia 27. Viriato Capela é o conferencista do dia 24 de fevereiro e Manuel Maria Costa, no dia 24 de março. José Eduardo Felgueiras proferirá uma conferência no dia 26 de maio e Álvaro Campelo encerra o ciclo, no dia 21 de julho de 2023.