Ponte de Lima poderá vir a ter uma das três estações de passageiros no Minho incluídas na Alta Velocidade que ligará Portugal a Espanha, sendo a “estação intermédia” entre as já programadas de Braga e Valença, foi hoje anunciado. Está, também, prevista a criação de um novo intercidades Lisboa-Valença para colmatar eventuais alterações provocadas nos concelhos minhotos por causa da nova linha expresso.
“Tendo em conta os níveis de procura e a existência de capacidade para serviços adicionais, pode considerar-se a possibilidade de criar uma estação intermédia entre Braga AV e Valença AV, nas proximidades de Ponte de Lima”, pode ler~se no documento de trabalho do Plano Ferroviário Nacional, hoje apresentado pelo ministro socialista Pedro Nuno Santos.
Há dois anos, o então presidente da Câmara de Ponte de Lima, Víctor Mendes, em entrevista a O MINHO, defendeu uma “paragem técnica” no concelho do anunciado comboio de alta velocidade que permitiria a criação de um “interface rodoviário” que beneficiaria todo o Alto Minho. Na altura, o autarca explicou que esta paragem foi sugerida após um estudo e um parecer técnico de um professor universitário, a pedido da autarquia. Em 2020, Víctor Mendes salientou que essa paragem deveria “constituir-se como objetivo”, agora que o projeto da alta velocidade foi retomado pelo Governo.
Necessidade de construir novas estações em Braga e Valença
No plano, consultado por O MINHO, é salientado que as cidades de Braga e Valença deverão ser servidas por novas estações na nova linha, “uma vez que a utilização das estações existentes se revela tecnicamente muito difícil e dispendiosa”. “Ainda assim, reconhece-se a vantagem, nomeadamente em Braga, de localizar a estação onde possa ter a melhor articulação possível com os outros serviços de transporte para um acesso fácil ao centro da cidade e às cidades circundantes”, prevê o estudo.
Depois de 2030, já numa segunda fase de execução deste plano, o Governo prevê a ligação de alta velocidade entre o Aeroporto do Porto e Braga.
Intercidades Lisboa-Valença com horário cadenciado
O plano também prevê que as novas linhas de alta velocidade possam causar interferência com os serviços habituais entre regiões, referindo que os atuais serviços Intercidades entre o Porto e Lisboa deverão continuar a circular pela Linha do Norte.
Quanto à Linha do Minho, e tendo em conta que se prevê que Braga e Guimarães sejam servidas por prolongamentos dos serviços de Alta Velocidade diretos procedentes de Lisboa, o eixo de Viana do Castelo e Valença “deverá então ser servido por um serviço Intercidades mais frequente”.
Desta forma, o Governo propõe a criação de um serviço Intercidades Lisboa – Valença com horário cadenciado que integraria e substituiria os atuais Intercidades da Linha do Norte e os Interregionais da Linha do Minho.
Alguns destes serviços poderão, inclusive, ser prolongados até Vigo, substituindo o atual serviço Celta, salienta o plano divulgado pelo ministro.
Prolongamento natural do eixo atlântico
Conforme tem sido noticiado, o Governo prevê que esteja em funcionamento, até final de 2030, a Linha de Alta Velocidade ferroviária com estações nas cidades de Braga e de Valença, bem como uma saída sul de Vigo, em Espanha, a cargo do governo liderado pelo socialista Pedro Sanchez.
Para o ministro, que assume integralmente a responsabilidade política deste projeto que há décadas é anunciado por sucessivos governos, a ligação entre o Minho e a Galiza é um “prolongamento natural” do eixo atlântico, aproveitando a alta velocidade já existente entre Corunha e Vigo, do lado espanhol, fazendo assim um ‘corredor’ até Lisboa. De acordo com os dados apresentados no plano nacional para a ferrovia, a utilização de comboio de alta velocidade entre Braga e Vigo permite reduzir substancialmente o tempo da viagem a nível ferroviário e até rodoviário.