Francisca Oliveira é o rosto da quarta geração da família Oliveira na Riopele, histórica fábrica de Pousada de Saramagos, em Famalicão, que está a caminhar para o centenário.
A ocupar o cargo de ‘product manager’ há cerca de um ano, tem no currículo um percurso académico que passou por algumas das mais conceituadas universidades de moda da Europa.
“Quando fui viver para Londres, aos 18 anos, tive a oportunidade de conhecer imensas pessoas de todo o mundo que têm estado presentes na minha vida até hoje. Londres é uma cidade em que há sempre alguma coisa a acontecer e, enquanto estudante de moda, foi o lugar ideal para obter conhecimentos sobre os aspetos tecnológicos, inovadores e sustentáveis da indústria da moda”, explica, citada em nota da Riopele.
Os seus estudos começaram em 2018, na Instituto Marangoni, na capital do Reino Unido. “Fomos incumbidos de desenvolver projetos para marcas de moda de renome, o que nos permitiu alargar a nossa rede de contactos no setor”, nota.
Ao fim de três anos em Londres, decidiu frequentar um programa de mestrado em Paris, no Institut Français de la Mode.
“Nesse contexto pude explorar o lado mais luxuoso da moda e familiarizei-me como ‘savoir-faire’ francês através de workshops práticos”, disse.
“Estou familiarizada com a realidade de Riopele desde miúda”
Há cerca de um ano regressou a uma ‘casa’ que bem conhece. “Estou familiarizada com a realidade de Riopele desde miúda. Lembro-me de, quando era pequena, pedir ao meu pai para trazer restos de materiais de produção para casa para poder fazer roupas para as minhas bonecas e este interesse que manifestei desde cedo despertou a minha paixão pelo trabalho com tecidos e pela indústria da moda”, recorda.
A jovem sente que embarcou no desafio de trabalhar na Riopele “no momento certo”, pois considera que as “competências e experiências” que traz do seu passado estão a contribuir para o “crescimento contínuo da empresa”.
“Além disso, o facto de ainda ser jovem permite-me crescer a nível profissional ao lado de pessoas que trabalham aqui há vários anos e que me transmitem conhecimentos técnicos relacionados com a indústria têxtil”, acrescenta.
Inditex “é um universo”
Se o percurso académico contribuiu para o seu crescimento, também dá valor à sua passagem pela ‘gigante’ espanhola Inditex, dona de marcas como a Zara.
“A Inditex é um universo em si mesma e, nesse contexto, permite perceber como é que as marcas de moda funcionam e se adaptam num setor em constante mudança. A minha experiência nesta empresa permitiu-me sair da minha zona de conforto novamente, uma vez que tive de interagir com pessoas que falavam e trabalhavam num idioma diferente, o espanhol. Aprendi rapidamente a importância de fazer perguntas e participar ativamente nas discussões para aproveitar ao máximo o tempo que lá passei”, refere.
Mão-de-obra é “pilar fundamental”
Prever o futuro é difícil num setor “tão complexo” e em “constante mutação”, no entanto refere que a aposta na mão-de-obra é um “pilar fundamental”, nomeadamente à “forma como se adapta às necessidades e expetativas de novas gerações relativamente ao local de trabalho”.
“Com uma equipa motivada, estou confiante de que a Riopele irá manter o seu sucesso”, diz.
Depois, também está atenta aos “padrões de consumo dos clientes”, mais sensíveis às políticas sustentáveis.
“Podemos antecipar alterações na procura e adaptar a oferta da Riopele de forma a cumprir os novos requisitos em termos de qualidade e certificações, minimizando os potenciais impactos da nossa atividade empresarial”, nota.
Como O MINHO noticiou recentemente, a Riopele alcançou em 2023 o seu melhor ano de sempre, tendo faturado 97 milhões de euros.