A Riopele, empresa têxtil de Famalicão, alcançou em 2023 o seu melhor ano de sempre, tendo faturado 97 milhões de euros.
“O nosso ‘core business’ da moda, como cresceu muito, vai permitir-nos passar de uma faturação consolidada de 93 milhões de euros no ano passado para 97 milhões de euros este ano. Há um crescimento muito grande”, explica José Alexandre Oliveira, presidente da Riopele, em declarações ao Portugal Têxtil.
O empresário considera que o facto de grande parte dos clientes da empresa se situarem na gama média/alta está a ser uma mais-valia na atual conjuntura: “Não está a sofrer tanto como a gama mais baixa, por isso conseguimos atingir esses resultados”.
Contudo, para 2024, José Alexandre Oliveira mostra-se “cauteloso”. “Não digo que estou preocupado, mas estou mais cauteloso, porque sei que estou a viver num mundo que está cheio de inseguranças, de situações em que as pessoas cada vez têm menos dinheiro por causa da inflação e isso está a acontecer em quase todos os países”, aponta
“Em todos os mercados para onde exportamos, estamos a sentir isso: no Japão, na China, na Coreia do Sul, nos EUA, no Canadá. Todos esses países estão a sofrer. Não nos podemos esquecer que há duas guerras neste momento e as pessoas estão assustadas”, sublinha.
Ainda assim, José Alexandre Oliveira mantém o objetivo de crescimento traçado para o centenário da empresa, que se celebra em 2027, de chegar aos 100 milhões de euros de volume de negócios. “Para o ano, esperemos que seja 98 milhões de euros e depois seja 99 e depois sejam os 100 milhões de euros”, conclui.
Negócio do vestuário de trabalho em crescimento
Na entrevista ao Portugal Têxtil, o presidente da Riopele salienta que “uma fatia importante do trabalho interno tem vindo a ser dedicada ao vestuário técnico e profissional”.
Esta é uma estratégia de diversificação de segmentos que tem ganhado ainda mais impulso nos últimos anos, uma vez que a empresa fez parte, por exemplo, do consórcio que desenvolveu o novo camuflado para o exército português.
“Importa diversificar para chegar a um número crescente de clientes”, justifica José Alexandre Oliveira, acrescentando que a área de produção de vestuário da Riopele “oferece um serviço especializado, que inclui design, produção de modelagem e amostras, fornecimento de tecidos e acabamentos, corte e costura, controlo de qualidade e entrega personalizada”.
O ‘core business’ da Riopele continua a ser a moda. “Enquanto o têxtil da moda é feito diariamente com a chegada de encomendas, o têxtil militar é um concurso público, ganhamos ou perdemos. Se ganharmos, fazemos a encomenda e, depois, temos de concorrer a outros”, explica.
Esta área mais técnica – em que se inclui também o têxtil para a indústria automóvel – tem ainda uma pequena representação no todo da empresa, mas “está a crescer”.
“Já é alguma coisa. Não há uma desilusão na decisão do investimento nessas duas áreas. São áreas que estão a ser consideradas por nós em termos de futuro e que permitem, se por acaso houver algum arrefecimento na parte da moda, ter algo que equilibre a balança”, conclui José Alexandre Oliveira.