Encenação pascal secular de Ponte da Barca passa a teatro de rua

A encenação das últimas horas de Cristo na terra, tradição secular de Ponte da Barca, foi este ano adaptada a teatro de rua devido à colocação de bancadas para o público, disse hoje o encenador Jaime Ferreri.

“Houve necessidade de introduzir algumas alterações à encenação inicial, adaptando-a a teatro de rua em função da introdução de lugares sentados, bancadas, para dar mais comodidade ao público que assiste a esta tradição”, afirmou.

De acordo com o encenador, a representação da “Mui Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”, que se vai desenrolar no próximo dia 24 de março, às 22:00, em cinco palcos diferentes durante duas horas, contará com a participação de uma centena de populares.

A representação desenrola-se há vários anos à volta do mosteiro românico de Bravães, freguesia do concelho de Ponte da Barca de onde todos os intervenientes e atores são naturais e de várias faixas etárias.

A peça tem como guião “A Mui Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”, da autoria do padre Francisco Vaz, tem como encenador Jaime Ferreri.

A representação, com início às 22:00, quinta-feira da Paixão, terá lugar junto ao mosteiro da freguesia de Bravães, começa no chamado “Palco de Caifás”, onde é feita a primeira acusação a Jesus Cristo.

Prossegue no “Palco do Jardim das Oliveiras”, onde Judas entrega Cristo aos judeus e aos romanos, que o mandam a Pilatos, a Herodes e novamente a Pilatos, seguindo-se, após a condenação, uma espécie de via-sacra, que termina com a crucificação no “Palco do Monte do Calvário”.

Cristo será personificado por um jovem que terá de carregar aos ombros a cruz onde no final será “pregado”, naquele que se pretende seja o momento mais emotivo da representação.

O momento mais “arriscado” ocorre quando as três cruzes – uma com Cristo e as outras com o bom e o mau ladrão – são levantadas em simultâneo, num “número” que exige a colaboração de pelo menos 12 homens.

O trajeto, desde a condenação ao Monte do Calvário, será acompanhado pelo Grupo Coral de Bravães, que recuperou um canto religioso tradicional com mais de 100 anos.

Todos os atores e figurantes estarão vestidos a rigor, com trajes usados na época dos acontecimentos.

Trata-se de uma produção da Associação Cultural “os Canários” de Bravães, em parceria com a Junta de Freguesia local e com Câmara Municipal.

Tal como em 2014 será incluído no texto daquele auto o poema de Guerra Junqueiro ” A Caridade e a Justiça”.

Antes da representação, tem lugar, num dos palcos, uma outra tradição, com cerca de 30 mulheres da freguesia a cantar uma novena de ementar (evocar) as almas, tal como acontecia nas freguesias do Minho há meio século.

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