O presidente da Câmara de Viana do Castelo disse hoje que a construção do novo mercado “é inevitável”, no local onde, em maio, desapareceu o prédio Coutinho, com financiamento do Portugal 2030, senão “seria uma frustração coletiva”.
“O mercado a ser financiado é pelo Portugal 2030. É nesse princípio que estamos a trabalhar. Acreditamos que no início do próximo ano as linhas de financiamento do Portugal 2030 serão mais claras, as condições em que podemos aceder ao quadro comunitário também”, afirmou Luís Nobre.
Em declarações à agência Lusa, o autarca socialista adiantou que, “no final do primeiro trimestre de 2023 haverá mais “certezas” quanto à forma de acesso às linhas de financiamento.
“Tenho de ter segurança relativamente ao financiamento. Eu posso avançar, aprovar o projeto, avançar com os procedimentos concursais, mas só adjudicarei [a obra] quando tiver a certeza relativamente ao financiamento. É um investimento muito grande. Tenho de ser cauteloso, e, vou sê-lo, de certeza absoluta”, frisou.
Em janeiro de 2021, o anterior presidente da autarquia e atual secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, estimou em nove milhões de euros a construção do novo mercado.
Para Luís Nobre, a construção do novo mercado municipal de Viana do Castelo “é inevitável”, mas sem “atropelar ou cometer excessos quando o momento [atual] diz que se deve avançar cautelosamente, ao encontro de soluções, em que o financiamento é parte importante”, referiu.
“Tem de ser construído e vai ser, certamente. Colocarei todas as minhas capacidades e as minhas energias para encontrar a solução para construir o mercado. Foi esse o objeto da declaração de utilidade pública da desconstrução do edifício Jardim e seria uma frustração coletiva se nós não concretizarmos essa operação”, observou.
Sublinhou não estar a “esconder nada” e que “sempre” disse que “a operação teria de ser feita no tempo certo, com todas as cautelas, sem fragilizar as condições financeiras do município”, para não correr o risco de, “com vontade de querer resolver um problema, criar, outro, a montante”.
“Temos de fazer isto com tranquilidade e vamos fazê-lo. Vamos conseguir, como fomos competentes noutras situações muito exigentes, por exemplo, quando foi do financiamento de toda a requalificação urbana que aconteceu na cidade, ou do financiamento ao centro cultural. Também vamos encontrar uma solução para o mercado. Temos de ter calma, ser audazes e perspicazes na interpretação do que vão ser as fontes de financiamento”, insistiu.
O autarca adiantou ainda que o reajustamento do projeto do novo mercado municipal “ao atual contexto económico” estará concluído no final do mês.
“Revisitamos o projeto no sentido de poder baixar um pouco o investimento. Essa revisitação está praticamente concluída, assim como toda a revisão do caderno de encargos e, dos orçamentos. Há o compromisso de no final deste mês me entregarem todo o processo concluído. Estou à espera dessa conclusão para interpretar o que vai ser apresentado pela equipa projetista”, disse.
Para Luís Nobre, o “momento muito particular, muito exigente e muito complexo a todos os níveis, nomeadamente, ao nível financeiro, que a invasão da Ucrânia pelo Rússia veio criar, obriga a “cautela”.
“Quando nós começámos a rever este projeto, não tínhamos este impacto do conflito militar que está a acontecer em plena Europa e temos de ter consciência disso. O mercado tem de ser construído, mas não é uma situação de vida ou de morte”
A desconstrução do prédio Coutinho, de 13 andares, prevista desde 2000, ao abrigo do programa Polis, começou em fevereiro último.
Em junho, os 42 metros de altura do complexo do prédio Coutinho, nome do empreiteiro que o construiu e com o qual foi batizado localmente, desapareceram da frente ribeirinha da cidade.
Construídos no início da década de 70 do século passado, os 105 apartamentos existentes nas duas torres, nascente e poente, foram demolidos por uma máquina giratória, com um braço que atinge 40 metros de altura, depois de mais de duas décadas de avanços e recuos motivados pela batalha judicial levada a cabo pelos moradores.