É o quarto ‘chumbo’ desde as eleições autárquicas. O PSD e o Movimento Independentes por Cabeceiras, reprovaram, ontem, nova proposta do presidente eleito da união de freguesias de Refojos, Outeiro e Panziela, de Cabeceiras de Basto, para constituição de um Executivo monocolor, com outros quatro socialistas.
Nas autárquicas de 26 de setembro, o PS elegeu Leandro Campos como presidente, mas sem maioria absoluta; o PSD foi segundo e o Movimento, o terceiro.
Campos disse a O MINHO que a rejeição da constituição do Executivo, “apenas prejudica os cidadãos”, mas Teresa Mamede, do PSD e Miguel Teixeira, do Movimento de Independentes, defendem que o PS devia partilhar a gestão, ainda que ficando com a maioria e com os cargos remunerados, os de presidente, tesoureiro e secretário.
“Respeito os outros partidos ou movimentos e até sou amigo pessoal dos seus representantes. Há oito anos, quando fui eleito pela primeira vez, governei com apoio do PSD, que nada me exigiu, e tudo resultou em benefício dos fregueses”, salientou.
O autarca diz que não aceita a inclusão de dois vogais da oposição no Executivo, quer porque não partilham do mesmo ideário, quer porque teria de deixar de fora, duas pessoas que com ele trabalham há oito anos e, ainda por cima, retirando os vogais que representam Outeiro e Panziela: “não faço isso aos que estão comigo e que representam as populações. A oposição tem maioria na Assembleia de Freguesia, fica com a Presidência da Mesa, e aí pode fiscalizar. Mas eu estou aberto ao diálogo para incluir os seus projetos e obras no Orçamento anual”, garantiu.
Já Teresa Mamede, do PSD/CDS, tem opinião contrária: “se não tem maioria absoluta haveria que, num ato de humildade democrática, partilhar o Executivo, ficando com três contra dois, logo podendo gerir à vontade”, salientou, frisando que a oposição teria, assim, possibilidade de fiscalizar a ação do Executivo.
A social-democrata acrescentou que o partido está aberto à negociação para que o impasse seja ultrapassado, em prol dos eleitores.
Negociações?
Já Miguel Teixeira, um ex-deputado socialista que se candidatou como independente por uma lista daquele Movimento revelou a O MINHO que, a posição que tomou é coerente com a vontade dos eleitores, que quiseram uma gestão partilhada na Autarquia.
Só que – assinala – a situação de bloqueio mantém-se e pode eternizar-se, o que não lhe agrada: “as pessoas que votaram em nós abordam-me na rua, e dizem que, afinal, em vez de sermos parte da solução, somos parte do problema”, referiu.
Miguel Teixeira reuniu-se, ontem, com 22 dos 34 membros do grupo que integrou a candidatura, tendo ficado decidido responder, numa ótica de diálogo, à carta que Leandro Campos lhes enviou propondo conversas entre as partes. Decidiu, ainda, suspender o mandato na União por 45 dias, dando espaço e tempo a que a negociação ocorra.
Fonte ligada ao processo revelou a O MINHO que uma parte do grupo, incluindo o próprio Miguel Teixeira, estará aberto a negociar um acordo com o PS, o qual passaria pela inclusão dos projetos para obras e outras atividades no Orçamento da Freguesia para 2022.
Minoria na Câmara
Como pano de fundo da polémica, está o facto de o PS também não ter maioria no Executivo da Câmara Municipal, já que apenas elegeu três vereadores – entre eles o presidente Francisco Alves – enquanto que a coligação Fazer Diferente (PSD/CDS) elegeu dois e o Movimento Independente, conseguiu outros dois.
Até agora, o PS não fez acordo com nenhuma das duas forças políticas, governando, portanto, em minoria.