A diplomata socialista Ana Gomes sugeriu hoje uma eventual convergência de esquerda, entre a sua candidatura presidencial e as da bloquista Marisa Matias e do comunista João Ferreira e o candidato apoiado pelo PCP não recusou a hipótese.
Em debate televisivo na RTP, a antiga eurodeputada do PS afirmou que “isso [a eventual convergência de esquerda] é possível”.
“Estarei sempre disponível para convergências, sobretudo quando a democracia está em causa e sob ataque. O mais importante é que aqueles que entendem a importância da democracia, mesmo tendo muitas divergências, se possam unir para regenerar a democracia”, disse.
Por seu turno, o dirigente comunista declarou que fez questão de “apresentar [a candidatura] como um espaço de convergência”.
“Não faz sentido dizer que não encaro a possibilidade de convergência”, assumiu.
A antiga eurodeputada socialista mostrou-se crente numa “segunda volta”, pois “a sondagem que conta é a de dia 24 [de janeiro]”, data das eleições presidenciais.
“Sou mais crítico do que a Ana Gomes relativamente ao que foi o exercício dos poderes do atual Presidente, ao longo dos últimos cinco anos, porque se afastou desse juramento [de cumprir e fazer cumprir a Constituição]. Eu não teria promulgado alterações à legislação laboral que desorganizaram a vida de muitos trabalhadores por via do banco de horas, que deixaram os jovens perante situação de maior vulnerabilidade”, afirmou, por seu turno, João Ferreira.
Ana Gomes disse que, nas questões do trabalho, “não podia estar mais de acordo com o João [Ferreira]”.
“Como é fundamental valorizar o trabalho e dar condições, criar emprego, emprego decente, bem remunerado, em atividades que respondam às imperativas transições digital e energética, para responder às transições climáticas”, enumerou, valorizando o contributo do PCP para a aprovação de sucessivos orçamentos do Estado desde 2015.
Segundo o eurodeputado comunista, “nem Ana Gomes aceitaria uma imposição de Bruxelas de querer transformar uma Caixa Geral de Depósitos, com papel essencial na economia, numa espécie de ‘caixinha’ ou de tornar a TAP uma subsidiária de uma companhia de bandeira alemã”, pois “o Presidente da República tem de ter uma palavra a dizer”.
“Esta é a grande divisão que tenho em relação ao João Ferreira porque sou profundamente europeísta e mais convicta hoje de que sem a Europa nós não nos salvamos”, respondeu a militante socialista.