Os moradores na rua do Cruzeiro, em Alvarães, reclamam há anos a construção de uma alternativa à estrada municipal que atravessa a freguesia para desviar os 200 camiões que passam, por dia, “à porta de casa”.
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“Isto não foi um caminho adaptado, é mesmo a estrada principal da freguesia, por onde passam milhares de carros todos os dias. Só quem não quer é que não vê. Isto está de facto a ficar infernal”, afirmou, esta quinta-feira, o morador José Pinto.
O professor aposentado, de 67 anos de idade, explicou que o problema não está no piso, mas na largura da via municipal utilizada diariamente pelos veículos pesados das empresas de transportes, e de extração de inertes instaladas na freguesia, e por outros camiões que se deslocam para as várias zonas industriais existentes nas proximidades.
“A estrada é acanhada, e não há hipótese das paredes serem alargadas porque, em muitos locais, são casas que existem na berma”, sustentou, acrescentando que “quando se cruzam dois camiões é um autêntico problema”.
“O trânsito fica paralisado durante largos minutos até que os condutores consigam desenrascar-se”, disse.
Alvarães, situada na margem esquerda do rio Lima, tem duas empresas a explorar o barro caulino e três empresas de transportes de mercadorias.
O presidente da Câmara Municipal garantiu “estarem a ser desenvolvidos contactos no sentido de resolver este caso, identificado há muito tempo”.
O socialista José Maria Costa assegurou que o executivo municipal “está a tentar encontrar uma alternativa viária”, para “garantir condições de segurança à população e melhores acessos ao porto de mar da cidade às empresas de extração de inertes, cuja produção é sobretudo para exportação”.
Admitiu “dificuldades” de circulação naquela via e disse “entender” a posição dos moradores e da Junta de Freguesia.
“Estamos a procurar uma via rodoviária alternativa mas não é fácil”, frisou.
José Pinto realçou que por causa do “trânsito intenso as pessoas evitam de andar a pé, com medo de serem atropeladas”, preferindo “andar de carro por ser mais seguro”, sobretudo para o transporte das crianças que frequentam o centro escolar situado naquela zona, e frequentado por cerca de uma centena de alunos.
Destacou “a importância” das empresas instaladas na freguesia mas considerou ser “urgente” a construção de um novo acesso.
“O desenvolvimento de uma terra faz-se com pessoas, com comércio, com indústria. Eu sei que um novo acesso é caro, e que deve estar nos planos da Câmara Municipal”, afiançou.
Além de segurança rodoviária, Andreia Torres, de 39 anos, quer ver terminados os danos causados nas habitações situadas junto à estrada, pela passagem dos camiões.
“No último mês a minha casa sofreu três incidentes, desde grades retorcidas, à tubagem das águas pluviais quase arrancada”, explicou.
“Temos que estar quase de vigia porque se acontecer alguma coisa temos que ir atrás dos camionistas. Se não virmos quem nos danificou a casa, à segunda ou terceira participação a seguradora recusa-se a pagar os estragos e não quer renovar o contrato. Chegámos a um ponto que não podemos percorrer a mais seguradoras”, disse.
Professora, Andreia foi a autora, há 15 anos, de um abaixo-assinado para exigir a construção de uma estrada alternativa, mas sem sucesso.
O presidente da Junta de Freguesia, Fernando Martins, disse “estar ao lado da população” e admitiu que a estrada alternativa “podia ajudar a rentabilizar as empresas instaladas na freguesia”.
“Alvarães está no cruzamento de várias freguesias do Vale do Neiva. Por dia, entre 150 a 200 camiões passam pela rua dos Cruzeiros, causando incómodos aos moradores. É urgente, muito urgente arranjar nova acessibilidade”, sustentou.