Transformar uma casa do século XVIII num lar do século XXI sem perder o traço original e “deixar respirar” o passado do edifício foi “o grande desafio” na remodelação da Casa de Guimarães, distinguida pela plataforma ArchDaily.
A arquiteta responsável pelo projeto, galardoado com o prémio Edifício do Ano 2016 na categoria de remodelação, Elisabete Saldanha, explicou que na base de todo o desenho estava o princípio de “reabilitar tudo o que era possível” e, a partir daí, “ir acrescentando” o que era necessário para “trazer ao século XXI” o edifício, situado nos arredores de Guimarães.
“Aquela foi a casa de alguém no século XVIII, com uma organização típica da época, com lagares, cortes, cavalariças, e o que me foi pedido foi que transformasse a casa num lar de uma família com três crianças. Esse foi o grande desafio”, explicou a arquiteta.
Segundo Elisabete Saldanha, “reabilitar era mesmo o espírito e, por isso, foi feito todo um conjunto de estudos por técnicos sobre o que era original, de que data, que estilos. Isto porque se notava uma grande mistura de estilos por acrescentos que foram sendo feitos à casa original”.
Encontrado o traço oitocentista original, foi-se passando ao desenho.
“Faltava uma série de coisas para aquela ser uma casa dos dias de hoje e fomos complementando o que havia com um estilo moderno, mas minimalista, com o objetivo de deixar respeitar o passado da casa e não criar mais uma mistura de estilos”, explanou.
Entre a primeira vez que pegou no lápis e a conclusão da obra passaram-se “muitas, muitas etapas”. E anos.
De todo o projeto, a arquiteta salienta um feito: “Conseguir manter o aspeto que a casa tinha, escondendo toda a parte mecânica, isolamentos, conforto térmico básico numa casa dos dias de hoje”.
“Quando fiz o primeiro traço tinha 26 anos [hoje a arquiteta tem 38]. Foram muitos passos, muitas autorizações, licenciamentos, construir acessos adequados ao local. A obra em si demorou cinco anos e ficou concluída em 2014”, descreveu Elisabete Saldanha.
Para a arquiteta, a distinção pela Archdaily é um “reconhecimento e uma alegria imensa” e, salientou, “o reconhecer do trabalho num projeto que demorou e que representa muito tempo, empenho, esforço e dedicação”.
“Tudo o que foi desenho, decoração, traço, fiz sozinha”, apontou, compreensivelmente orgulhosa.
Fundada em 2008, a Archdaily é uma plataforma ‘online’ de informação e divulgação da arquitetura, com base em Nova Iorque, que contabiliza 350 mil visitas diárias e atribui anualmente este prémio a projetos que se destacam pela inovação espacial, social, material e técnica.
São escolhidos cinco projetos finalistas por cada uma das 14 categorias, que abrangem áreas como desporto, cultura, hotelaria, casas, remodelação, escritórios e espaços comerciais.
A votação dos vencedores do prémio Edifício do Ano 2016 decorreu até segunda-feira, 08 de fevereiro, e o anúncio dos vencedores foi feito esta quarta-feira no “site” da Internet da Archdaily.
Imagens: ArchDaily.