A Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária está a investigar um pagamento do grupo bracarense ABB ao antigo presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores.
Em causa está um valor de 300 mil euros que, suspeita o Ministério Público, terá sido utilizar para corromper o autarca relativamente ao negócio de um parque de estacionamento que a construtora bracarense terá construído.
De acordo com o jornal Expresso deste sábado, a sede da Luságua, empresa do grupo ABB, foi alvo de buscas por parte de inspetores da PJ no final de 2019, numa operação que conheceu desenvolvimentos durante esta semana, depois da empresa Antinomia, que pertenceu a Moita Flores, ter também sido alvo de buscas.
O MP, através de uma investigação levada a cabo pela procuradora Sónia Setúbal, indica que as suspeitas começaram depois de um concurso público para construir um parque de estacionamento subterrâneo na Avenida da Liberdade, no centro daquela cidade ribatejana. Em 2008, a ABB ganhou o concurso da construção e da exploração do estacionamento, mas o contrato foi alterado em 2009, com a redução de quase 200 lugares de estacionamento pago.
De forma a compensar a empresa pela subtração de estacionamentos, foi paga uma indemnização de 1,8 milhões de euros, que a empresa recebeu em 2010. Pouco depois de ter recebido a quantia, a empresa Emasisa, do grupo ABB, transferiu 300 mil euros para a firma Introsys, uma empresa de robótica que Moita Flores foi presidente e que pertence agora aos filhos.
Poucos dias depois dessa transferência, a Introsys transferiu 250 mil euros para a Antinomia, empresa de produção de vídeo gerida pela mulher do antigo autarca.
O MP suspeita que este círculo de pagamentos serviu para o grupo ABB corromper Moita Flores.
Moita Flores fala em dívida dos filhos
O antigo autarca e ex-inspetor da Polícia Judiciária diz que o pagamento dos filhos à mulher foi para saldar uma dívida que estes tinham para com ele. Moita Flores diz ter fundado essa empresa em 2002, com os filhos, tendo emprestado 400 mil euros para “alavancar” o negócio.
Explica ainda que a empresa dos filhos tinha aquela dívida que os impedia de contrair empréstimos, pelo que a mesma foi cobrada. Quanto aos restantes 150 mil euros em falta para chegar à quantia emprestada, o ex-autarca diz ter “perdoado”.
No que diz respeito à transferência do grupo ABB para a firma de robótica gerida pela mulher, Moita Flores diz “nada saber”. Alega já não estar na firma e que, por isso, não terá que saber nada sobre as movimentações financeiras da mesma.
Moita Flores aponta esta investigação como “um grande disparate”, acusando a procuradora em questão de “montar um circo mediático”, pressionado pelo atual presidente da Câmara de Santarém.