Os projetos de investigação da Bosch desenvolvidos em Portugal já representam cerca de 20-25% do negócio no país, sendo atualmente a área que absorve mais investimento, disse hoje o representante da Bosch em Portugal, Carlos Ribas.
De acordo com o responsável, que falava hoje em Lisboa, em conferência de imprensa de divulgação dos resultados de 2018, a Bosch registou 16 patentes entre 2013-15, 30 patentes entre 2015-18 e entre 2018 e 2021 espera-se que sejam registadas 40 patentes.
Em 2018, o grupo Bosch investiu 111 milhões de euros em Portugal, principalmente nos centros de Investigação e Desenvolvimento (I&D) e na expansão da sua fábrica em Braga, onde trabalham atualmente cerca de 3.700 trabalhadores de 17 nacionalidades, à qual foram adicionados 20.000 metros quadrados de área de produção e escritórios no sentido de atender à crescente procura das suas soluções por parte dos vários clientes.
Para 2019, a Bosch tem já previsto um investimento adicional de 80 milhões de euros no país para dar continuidade à expansão das instalações em Braga e Ovar, prevendo contratar cerca de 250 engenheiros.
Esta semana, a empresa inaugurou o laboratório de testes para condução autónoma, que tem uma área de 105 metros de comprimento e onde serão realizados os primeiros testes que assegurarão, segundo Carlos Ribas, que em três anos será possível chegar a um veículo e dizer “leva-me para casa”.
“A condução autónoma será possível em 2022”, disse.
Nesta área, o responsável esclareceu ter já cumprido o objetivo de ter um centro de competências junto de cada uma das fábricas em Portugal, estando a unidade de Braga associada à Universidade do Minho, a de Ovar à Universidade do Porto e a de Aveiro à Universidade de Aveiro.
“Queremos trazer desde muito cedo a academia para dentro das empresas. É um ganho para toda a gente. Exemplo disso, em Braga no ultimo projeto, ficámos com 22 pessoas após doutoramento”, disse.
Segundo Carlos Ribas, a aposta em I&D em Portugal traz uma vantagem adicional para o país: “hoje estamos mais bem preparados para suportar uma crise”.
“Mesmo que as encomendas baixem, a inovação não vai parar. Quanto mais forte a crise, maior a necessidade de investir e inovação”, disse.
As vendas da Bosch Portugal aumentaram 13% em 2018 para 1,7 mil milhões de euros, com a empresa a alcançar valores recordes pelo terceiro ano consecutivo após investimentos em torno de 111 milhões de euros no país.
Os números foram hoje divulgados em conferência de imprensa, em Lisboa, pelo presidente do grupo Bosch em Portugal e Espanha, Javier González Pareja, e por Carlos Ribas.
À semelhança do negócio global e face à conjuntura de incerteza internacional relacionada com as questões comerciais EUA/China e o ‘Brexit’ (saída do Reino Unido da União Europeia), espera-se uma estabilização do negócio em Portugal para os próximos anos, algo aliás que já se faz sentir nos primeiros três meses do ano.
Das vendas totais de 1,7 mil milhões de euros – que incluem vendas de empresas não consolidadas e serviços internos a empresas parceiras – mais de 90% diz respeito a exportações (a grande maioria com a Europa central como destino, mas também para alguns clientes nos EUA e mercados asiáticos), num total de 50 países em todo o mundo, segundo os responsáveis.
No mercado interno, a Bosch Portugal registou vendas consolidadas de 308 milhões de euros, 28% acima do nível de 2017.
“Foi mais um ano de sucesso extraordinário”, disse Carlos Ribas, destacando que o número de trabalhadores aumentou em 850 em Portugal para um total de 5.300 trabalhadores em 2018, sobretudo nas áreas de I&D nas fábricas de Braga, Aveiro, Ovar e Lisboa.
Com base na análise do primeiro trimestre deste ano, Javier González Pareja espera que “a evolução comercial seja ‘flat’ [estável] em Portugal em 2019”.