O vereador da Câmara de Barcelos eleito por um movimento independente José Pereira afirmou esta quinta-feira que, a partir de agora, irá votar sempre em sintonia com a maioria PS, em nome da “estabilidade governativa” do município.
“Irei votar sempre ao lado do executivo PS”, disse José Pereira, durante uma conferência de imprensa em que foi dado conta do “acordo de cavalheiros” pelo qual passará a assumir o pelouro do Urbanismo.
Disse que o “alinhamento” com o PS acontecerá mesmo que as propostas em causa choquem com o que defendeu na campanha eleitoral.
“Até porque o que eu defendi em campanha eleitoral não é em quase nada diferente daquilo que o PS defendia”, alegou.
A entrada de José Pereira para o executivo é oficializada hoje mesmo, em reunião de Câmara.
Nas Autárquicas de 2017, o PS ganhou a Câmara de Barcelos mas sem maioria absoluta, tendo elegido cinco elementos (o presidente e quatro vereadores).
A coligação PSD-CDS conseguiu quatro mandatos e o movimento independente Barcelos Terra de Futuro (BTF) dois, um dos quais José Pereira.
“Como vereador eleito, tenho a responsabilidade de dar o meu contributo para a estabilidade governativa e foi isso que fiz, colocando acima de todo e qualquer interesse os interesses do concelho e dos barcelenses”, afirmou o vereador “dissidente” do BTF.
Na mesma conferência de imprensa, o presidente da Câmara, Miguel Costa Gomes, disse que os “grandes vencedores deste acordo de cavalheiros” são Barcelos e os barcelenses e elogiou o “sentido de responsabilidade” demonstrado por José Pereira, enfatizando que este é um “socialista”.
Lembrou que a oposição tinha chumbado a delegação de competências no presidente, o que tem obrigado a que todos os assuntos passem pelas reuniões de Câmara, num “excesso de burocracia” que considera “penalizar” munícipes, empresas, freguesias e o próprio funcionamento do município, pelos atrasos que provoca.
Referiu que, em oito reuniões, estiveram em cima da mesa cerca de 1.500 propostas, das quais 1.200 “de mera burocracia” e que nenhuma foi chumbada.
Segundo Costa Gomes, o tempo despendido a elaborar propostas representa um acréscimo de cerca de 150 horas de trabalho por reunião para os técnicos do município.
A delegação de competências foi chumbada na primeira reunião do executivo por todos os vereadores da oposição, incluindo José Pereira, que hoje disse que estava “sujeito a uma disciplina de voto”.
“Não tinha consciência dos problemas que poderiam advir para os munícipes. Com o passar do tempo, fui-me apercebendo desses problemas. A minha opinião mudou e nós também temos o direito a mudar de opinião”, justificou.
Disse que hoje, mesmo que ainda estivesse no BTF, votaria a favor da delegação de competências, “sem margem para dúvidas”.
José Pereira votou igualmente contra o “negócio da água”, pelo qual a Câmara decidiu comprar 49% do capital da empresa concessionária por 59 milhões de euros.
Hoje, questionado se teria o mesmo sentido de voto e se considera que se trata de um bom negócio para a Câmara, José Pereira foi evasivo.
“Não me vou pronunciar, vamos indo e vamos vendo”, respondeu.
O BTF foi criado e encabeçado por Domingos Pereira, que foi “vice” de Costa Gomes nos dois anteriores mandatos.
Entretanto, os dois incompatibilizaram-se, provocando uma divisão no PS local.
O BTF, em comunicado, já disse que a dissidência de José Pereira foi uma decisão “unilateral e em total desrespeito pelos princípios e valores democráticos, assumidos aquando da sua eleição”
“Mostrou, também, igual desrespeito pelos cerca de 14 mil eleitores barcelenses que no BTF confiaram”, acrescenta.