O documento, dito de “transição”, que o governo de António Costa entregou ao novo primeiro-ministro, Luís Montenegro, contendo as obras em curso ou os projetos de intervenção, integra apenas cinco referências ao distrito de Braga.
O que leva o autarca local, Ricardo Rio a afirmar a O MINHO: ”Não é novidade. O Governo que agora sai pouco fez em Braga nestes oito anos e quase nada tinha planeado para fazer”.
Já o vereador do PS/Braga, Artur Feio, lamenta o facto, mas contrapõe que o Executivo camarário (PSD/CDS) “pouco ou nada tem feito” para exigir obras ao governo. “Como está o projeto do Nó de Infias, cujo arranque foi anunciado para o fim de 2023?”, pergunta.
Por seu turno, o representante do PCP na vereação, Vítor Rodrigues lamenta que os últimos governos tenham desinvestido nos setores prioritários para a vida dos cidadãos, na saúde, educação e habitação, e também nas obras públicas, “no caso, não só em Braga, mas em todo o país”.
O MINHO consultou o documento, intitulado “Pasta de Transição” e constatou que nele constam, apenas o Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa (PRR), onde estão em curso três intervenções, cujo prazo para conclusão é maio de 2024.
Nesta aérea, está, também, o Museu de Alberto Sampaio (PRR), de Guimarães, onde decorrem obras para revisão do sistema elétrico e iluminação do claustro, instalação de ascensor exterior para acessibilidade universal e a implementação e revisão do sistema deteção de incêndios. E que devem estar concluídas em julho de 2024.
Para a chamada ‘cidade-berço’, está em projeto o Posto Territorial de Lordelo da GNR.
A “pasta” fala, ainda, do Novo Hospital de Barcelos, dizendo que se estuda o seu “perfil funcional, modelo de financiamento e articulação com Hospital de Braga (em definição)”.
Por último, e no capítulo ferroviário, refere a Linha do Minho, com uma intervenção que “vai reduzir o tempo de trajeto e aumentar a segurança ferroviária e rodoviária, suprimindo passagens de nível, e reforçando exploração através da instalação de um novo sistema de sinalização e telecomunicações”. Esta intervenção – conclui – vai permitir triplicar a capacidade diária anual.
Nó de Infias não é mencionado
Sobre o teor do documento, o socialista Artur Feio acusa o Executivo camarário, e em especial a vereadora que tutela o espaço público, Olga Pereira de “nada fazer” para que a requalificação do Nó de Infias – fundamental para tentar acabar com estrangulamentos de tráfego à entrada da cidade – avance: “Que é feito do projeto? A vereadora apresentou-o publicamente e disse, depois, que a obra avançaria até ao fim de 2023. E nada”, lamenta, dizendo que o mesmo se irá passar com o projeto do BRT (Autocarro de Transporte Rápido), um investimento de cem milhões do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) que está a ser preparado pelos TUB (Transportes Urbanos de Braga).
Confrontada com a crítica do PS, Olga pereira respondeu: “Espero que a mudança de governo ajude a desbloquear o processo. Suspeito que finalmente vamos perceber os motivos do atraso no Nó de Infias”.
E contra-ataca: “O último investimento do governo no concelho foi o Hospital de Braga. Há 20 anos. No mais, o único que temos são alguns projetos do PRR porque o governo precisa de execução. Do orçamento de Estado, zero”
Sobre o alegado atraso no arranque da obra, a vereadora acentua que, por razões de fluidez de trânsito, “nunca foi intenção da Câmara que a obra avançasse antes da conclusão do túnel”. “Isso já foi dito publicamente”, acrescentou.
CDU critica “contas certas”
Questionado por O MINHO, o autarca do PCP diz que, infelizmente, os últimos governos preferiram uma política dita de “contas certas” ao investimento em setores que beneficiam as populações, casos dos setores da saúde, educação e habitação: “A CDU fez propostas no parlamento e o PS e o PSD chumbaram-nas”, lamenta.
Essa política – sublinha – estende-se ao investimento público em matéria de equipamentos, rodovia e ferrovia, “desprezando as necessidades das populações, nomeadamente aqui no distrito”.