A taxa de poupança das famílias caiu para 5,1% do rendimento disponível no terceiro trimestre do ano, o que não acontecia desde o segundo trimestre de 2008, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com estes dados, que têm por base a informação do ano terminado no trimestre, por cada 100 euros disponíveis, as famílias pouparam 5,1 euros neste período, valor que não se registava desde o segundo trimestre de 2008.
“A taxa de poupança das famílias atingiu 5,1% do RDB [Rendimento Disponível Bruto], o que traduz uma redução de 1,0 p.p. [pontos percentuais] relativamente ao trimestre anterior”, revela o relatório do INE.
De acordo com o organismo de estatística, este desempenho resultou do aumento de 2% do consumo privado (variação em cadeia de 2,7% no trimestre anterior), superior ao crescimento de 1% do rendimento disponível.
O INE recorda que no caso do consumo privado a “evolução é marcada pela aceleração dos preços evidenciada pelo Índice de Preços no Consumidor” no terceiro trimestre deste ano.
A necessidade de financiamento das famílias situou-se em 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, o que representa uma diminuição face ao trimestre anterior em que se tinha verificado uma capacidade de financiamento de 0,4% do PIB.
A Formação Bruto de Capital Fixo (FBCF) das famílias, que corresponde essencialmente à FBCF em habitação, registou uma taxa de variação de 0,8% face ao trimestre anterior e um aumento de 3% face ao trimestre hómologo.
Já a taxa de investimento das famílias manteve-se em 6,0% entre o segundo e o terceiro trimestre.
Os dados indicam ainda que o RDB ajustado nominal das famílias ‘per capita’[por pessoa] se fixou em 17,6 mil euros no terceiro trimestre, o que representou um aumento de 1% face ao trimestre anterior.
No entanto, o INE assinala que o RDB ajustado das famílias ‘per capita’ em termos reais constitui um indicador mais adequado num contexto de inflação elevada.
Este diminuiu 0,4% no terceiro trimestre, no entanto, o consumo individual em termos reais aumentou 0,4%, detalha o relatório.
Assim, assinala que “no segundo e terceiro trimestre de 2022, refletindo a aceleração dos preços no consumidor sem contrapartida equivalente na variação do rendimento nominal das famílias, o RDBa real das Famílias diminuiu”.