Declarações após o jogo da Supertaça de futebol feminino, entre Sporting e SC Braga, disputado hoje em Viseu e que terminou com a vitória das bracarenses por 5-4 no desempate nas grandes penalidades, após o empate 1-1 no tempo regulamentar e no prolongamento:
– Miguel Santos (Treinador do SC Braga): “Agora as coisas estão a começar a mudar, tivemos de reconstruir um bocado a equipa, tivemos de ir buscar jogadoras novas, jogadoras que não tinham sentido muito impactos destes jogos, nesse aspeto este jogo tinha um cariz importante.
Planeámos tudo direitinho, de forma a que as jogadoras pudessem chegar aqui à Supertaça e soubessem saber o que fazer dentro de campo e, acima de tudo, em alguns minutos em que o Sporting pudesse estar por cima do jogo, que a nossa equipa não se desorganizasse e foi isso que aconteceu.
A primeira vez que o Sporting vai à baliza recebe o penálti, recebe é uma forma de expressão, tem ali o penálti para se puder adiantar, adiantou-se e depois tivemos de andar atrás do resultado e foi isso que disse às jogadoras no intervalo, temos agora 45 minutos para, pelo menos, empatar o jogo, para podermos levar a prolongamento e sairmos daqui vitoriosos.
Empatámos o jogo e nesse momento eu sabia que as coisas tinham finalmente invertido. Disse às jogadoras que tínhamos de marcar os nossos penáltis e, por isso, chegava a Rute defender um. Foi o que aconteceu.
Estas jogadoras, a partir de agora, são jogadoras com títulos, fizeram história no Braga, foi o primeiro grupo de trabalho a ganhar um título no futebol feminino, inteiramente justo, elas são umas guerreiras.
Parece-me bem a descentralização, não foi por isso que os adeptos não deixaram de vir, em relação ao relvado, sei que não é totalmente responsabilidade da federação, às vezes a relva nem sempre está como queremos, nós em Braga também temos o mesmo problema, acho que o relvado deu para as duas equipas praticarem futebol que queriam e entendiam”.
– Nuno Cristóvão (Treinador do Sporting): “O Sporting mostrou hoje, durante todo o tempo de jogo, tempo regulamentar e tempo extra, porque é que foi vencedora dos cinco títulos anteriores.
É preciso ter coragem. Coragem a quem dirige, quem treina, quem joga e quem arbitra. É preciso ter coragem e hoje alguns destes agentes desportivos não tiveram coragem, desde as condições que as equipas tiveram para disputar uma final.
Se há coragem para mostrar um cartão amarelo aos três minutos da segunda parte, é preciso ter coragem para na última jogada do tempo regulamentar marcar um livro em direto, claríssimo, porque há um atraso de uma jogadora virada para a guarda-redes e a guarda-redes agarra a bola.
O Sporting de Braga fez dois remates à baliza em 90 minutos, um que deu o golo e outro, já depois do golo, que a Patrícia Morais defendeu, não senti que a equipasse não acreditasse.
Basta olhar para o relvado, espero que venham a ter água quente, elas estavam a dizer que não tinham. Sou do interior, vivi até aos 18 anos na Beira Baixa, mas aqui bem perto há outros estádios que dignificariam mais o futebol das mulheres e das raparigas.
Percebo que por opções políticas seja preciso fazer algumas opções, mas é preciso ter coragem de em determinados momentos tomar essas decisões.
De certeza absoluta que uma final masculina não era disputada neste campo e não foi por isso que o Sporting perdeu.”
– Francisca Cardoso (jogadora do SC Braga): “Era um título que queríamos, sobretudo, dar aos nossos adeptos, queríamos dar esta alegria aos adeptos que estão sempre connosco, sempre a apoiar-nos e à nossa cidade e ao nosso presidente que sempre fez tudo por esta modalidade.
Tivemos algumas mudanças na nossa equipa, mas começámos a pré-época supercedo para nos prepararmos bem para esta Supertaça e, como todos podemos ver, deu frutos.
Os nossos objetivos sempre foram os mesmos, ganhar tudo, todas as competições em que estamos, queremos ganhar mas claro que esta conquista da Supertaça nos dá uma motivação extra mas não é por isso que vamos relaxar e deixar de trabalhar. Vamos continuar a trabalhar como temos feito, porque as coisas não vão ficar mais fáceis.
Um jogo com 120 minutos, especialmente contra uma equipa que toda a gente sabe que também tem qualidade, como a nossa, sabíamos que ia ser complicado mas nunca deixámos de acreditar, a sorte já foi para elas agora foi para nós.
Nunca desistimos, se elas conseguiram, porque é que nós não íamos conseguir.”