Cerca de 250 hotéis no Brasil, Argentina, Colômbia e México usam o software de gestão hoteleira concebido pela Erbon, uma empresa criada há três anos e oito meses na União de Freguesias de Deão e Geraz do Lima, em Viana do Castelo.
Com uma filial no Brasil, a empresa está a expandir-se naquele mercado e já emprega 24 funcionários diretos e indiretos. A operação no Brasil é liderado pela vianense Diogo Rocha que contou a O MINHO como tudo começou.
“Eu era diretor de uma filial no Brasil de uma empresa portuguesa, nossa concorrente e percebi a dificuldade das empresas estrangeiras entenderem a complexidade fiscal e financeira do Brasil para adequarem no software”, começa por revelar.
“Em paralelo a isso, observei também que no Brasil e nos restantes países da América Latina e Central, os softwares existentes eram muito bons em funcionalidades, mas a tecnologia estava muito atrasada”.
De um problema surgiu uma oportunidade: juntamente com Agostinho Lima, “empresário com visão estratégica e administrativa muito boa”, também de Viana, da freguesia de Santa Leocádia, começaram a aventura.
Ora, a chegada ao Brasil de Diogo deve-se a uma outra empresa, a ‘Newhotel’, hoje concorrente, que o desafiou para comandar o escritório no Brasil. “A empresa ia investir na abertura de um escritório para conquistar os primeiros clientes”.
Foi neste período que percebeu onde estava uma oportunidade de negócio e decidiu avançar com a criação da Erbon.
Sendo o Brasil “um país de oportunidades para quem gosta realmente de trabalhar”, o crescimento da empresa foi meteórico e este ano “é estratégico” pois “estamos a posicionar-nos e a investir para chegar à liderança do mercado em poucos anos. A ambição resume-se a dois factores: “acreditamos no nosso trabalho e na tecnologia que temos”.
O software chama-se ‘Erbon Suite’ e com ele, basicamente, o hotel consegue gerir e controlar todo o seu negócio. “O nosso principal desafio agora é o hóspede. Não queremos somente que o hotel controle o seu negócio, mas sim que também deixe satisfeito o hóspede para que possa regressar”.
Uma tarefa que requer “muito trabalho e muita tecnologia”.
Deão
Uma pausa para conhecer melhor o percurso do empresário Diogo Rocha. Natural de Deão, a ida para o Brasil e “o crescimento acelerado do trabalho” não lhe tiraram o Minho do coração,
onde faz questão de regressar de seis em seis meses.
“Aproveito uma ou duas semanas, para matar as saudades do Minho e principalmente da minha terra. É incrível, como podemos rodar o mundo, conhecer coisas e pessoas fantásticas, mas o nosso coração, está sempre ali, na terra que nascemos e fomos criados. Eu acho que só um minhoto sabe o que é isso”.
E como bom minhoto que é, sente falta da gastronomia. “É o meu principal sofrimento. Sinto muitas saudades e vontade de comer as nossas comidas típicas, como arroz de cabidela,
sarrabulho, bacalhau”.
Primeiro Microsoft Student Partner Junior do Mundo
A verdade é que as novas tecnologias estão na vida de Diogo desde os 15 anos, altura em que
a Microsoft o escolheu como primeiro Microsoft Student Partner Junior do Mundo ou seja, “reconheceram-me como um estudante de elite com capacidades tecnológicas e integrei uma equipa escolhida pela Microsoft onde nos reuníamos, participávamos em eventos, por exemplo”.
A proeza é maior porque só havia uma distinção para universitários. Foi a filial portuguesa que convenceu Microsoft nos EUA a criar o título “Junior” e assim, Diogo poder pertencer ao grupo e ficar junto dos universitários.
Diferenças entre Portugal e o Brasil
Antes de perceber para onde pode caminhar a Erbon, Diogo conta a O MINHO como está a ser a experiência no Brasil.
“Em termos empresariais é uma diferença muito grande”, começa por revelar, porque “o empresário brasileiro tem vontade e capacidade para investir em software para a gestão do seu negócio”.
A própria dimensão do país, tem o mesmo tamanho que a Europa, aumenta “as probalidades de venda em qualquer área” e dá um exemplo: ”no Brasil, ‘facilmente’ e digo facilmente comparado a Portugal, um empresário que constrói ou arrenda uma pousada/hotel, passado algum tempo, já tem 2, 3 ou 4, quando damos por ela, é uma rede de hotéis”.
Mas, e há sempre um mas, “o pais enfrenta uma barreira de burocracias e situações bastantes
chatas para o negócio, desde leis trabalhistas, impostos, situação política”.
Em termos sociais, “o povo é bastante mais descontraído, ou seja, com muito menos formalidades”. São experts em várias áreas a nível mundial como medicina dentária, algumas áreas tecnológicas, “até aviões se constrói por aqui, mas aquela formalidade do ‘Sr. Doutor’ ou ‘Sr. Engenheiro’, não existe de jeito nenhum”.
Reunião de negócios
Outra experiência que Diogo Rocha partilha, dá uma ideia do funcionamento do país. “Numa primeira reunião de negócios, ninguém tem que ficar admirado se um empresário milionário convidar para beber um fino, é simplesmente normal por aqui. Não quer dizer que se trabalhe menos ou mais, simplesmente o povo brasileiro é um povo muito próximo e carinhoso”.
Outra diferença apontada pelo empresário vianense são “alguns problemas sérios e básicos, como o acesso a uma boa educação (escolas públicas) ou saúde (hospitais públicos). Existem hospitais e escolas topo de linha e com condições fantásticas, o problema é que somente uma minoria tem acesso a elas”.
Futuro
A estratégia da direcção da Erbon passa por fazer crescer a filial brasileira “rumo à liderança no mercado Brasileiro” e fundar a Erbon Hispanoamérica.
Esta nova sucursal vai ficar sediada em Orlando, Flórida e a ideia “é comercializar o software para todos os países de idioma espanhol na América central e latina”.
Para além disto, a Erbon está presente em vários países, então um desafio muito grande passa ”por atender a toda a realidade fiscal e financeira de cada um desses países. Esse é um
diferencial muito grande da Erbon”.