O PSD de Braga criticou, hoje, o fecho por dez dias do Serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia e do Bloco de Partos do Hospital de Braga, dizendo que, “são recorrentes as queixas dos utentes e os números dão razão a essas queixas”.
E concretizam: “Se em agosto de 2019, a percentagem de primeiras consultas em tempo adequado era de 72,6%, em 2023 é de apenas 53,5%. Espera-se 629 dias por uma cirurgia maxilo-facial e 418 dias por uma consulta de estomatologia; 6.000 utentes estão a aguardar consulta de ortopedia e 3.500 cidadãos aguardam consulta de oftalmologia; nas urgências, por diversas ocasiões, foram reportados tempos de espera para atendimento que foram além das 12 horas”.
Em nota a propósito, o líder concelhio João Granja afirma que “os bracarenses sentem hoje os custos da opção ideológica que determinou o fim da Parceria Público Privada”.
“Os cidadãos tinham o melhor hospital do país e hoje têm urgências fechadas. Tinham um hospital com capacidade de resposta e hoje têm intermináveis filas de espera para atendimento e cirurgias. Pagam mais mas têm direito a menos”, diz.
Para os social-democratas, “esta é apenas mais uma das consequências da celebrada geringonça de esquerda: satisfizeram o preconceito contra os privados e o povo que pague as consequências do preconceito e incompetência”.
E acrescenta: “Braga não vai esquecer o que está a acontecer e exige respostas urgentes para estes concretos problemas dos cidadãos. Toda esta incompetência é imperdoável e inaceitável”.
10 anos de PPP
O PSD recorda, a propósito que, “durante 10 anos – até que em 2019 o governo socialista decidiu não renovar o contrato então existente – o Hospital de Braga estava integrado no Serviço Nacional de Saúde mas gerido por uma entidade privada, ao abrigo de um contrato celebrado com o Ministério da Saúde”.
E pergunta: “ Quais os resultados dessa parceria público-privada? Para nos sustentarmos apenas em factos, citamos algumas das passagens do Relatório de Maio de 2021 do Tribunal de Contas sobre o período de gestão privada no Hospital de Braga: O número de consultas cresceu 75%; As cirurgias cresceram 101%; As urgências, 100%; Os exames e análises, 313%; O Hospital de Braga foi o que apresentou mais baixo custo por doente, desde 2013, na comparação com todos os demais hospitais”.
Padrões de qualidade
João Granja lembra, ainda, que “o Tribunal de Contas considerou ainda que os utentes do Hospital de Braga estavam protegidos por padrões de qualidade mais exigentes do que os aplicados aos hospitais de gestão pública e que, no conjunto dos hospitais do SNS que então tinham gestão privada, o Tribunal de Contas estimou que o Estado poupou mais de 203 milhões de euros”
E tanto assim era – salienta – que, em 2017, 2018 e 2019, a Entidade Reguladora da Saúde (entidade pública, note-se) considerou o Hospital de Braga como o melhor hospital do país.
Interrupções
O partido sublinha, também, que a interrupção de serviços na urgência de ginecologia e obstetrícia e no bloco de partos do hospital de Braga “não é, infelizmente, a primeira das interrupções de cuidados de saúde à população abrangida na área de referência do hospital”.
“Também aqui já tivemos uma escala mas, no caso, era uma escala de não funcionamento de serviços, acrescenta.
Para a Comissão Política do PSD “é indiferente se o Hospital de Braga – como qualquer outro que integre o SNS – é de gestão pública ou privada”. “Para nós, relevante mesmo é que tenha os meios e cumpra a insubstituível missão de servir os utentes e salvaguarde os direitos dos seus profissionais”, frisa.
E volta a lamentar: “O governo socialista de António Costa acabou com uma solução que produziu bons resultados para os utentes e substituiu por uma gestão pública que, até ao momento, tem resultados muito piores. Piores e mais caros. Ou seja, os contribuintes pagam mais e os cidadãos que precisam de recorrer ao hospital têm piores níveis de atendimento e satisfação das suas necessidades. Imperdoável.”
Zona com maior saldo natural
“Agora fecham dez dias as urgências de ginecologia e obstetrícia e o bloco de partos na zona do país com maior saldo natural, num país que vive um inverno demográfico, quando os jovens lutam por construir vida autónoma, as famílias contam os cêntimos para fazer face ao aumento da prestação da casa, do aumento da conta do supermercado, do custo dos combustíveis, qual é a resposta do governo para os casais que, mesmo assim, optam por ter filhos? Fecham serviços do hospital e, em caso de necessidade, obriga esses casais a mais deslocações e mais despesas”, lê-se no comunicado.
Fecho em agosto
O MINHO contactou o Hospital que não se quis pronunciar, remetendo-nos para o comunicado emitido há dias onde anunciava o fecho daqueles serviços em agosto, durante dez dias.
“O Conselho de Administração do Hospital de Braga está empenhado em prestar cuidados de saúde de excelência, e procura, constantemente, reunir as condições necessárias, com vista a garantir o acesso permanente ao Serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia, minimizando o possível impacto às utentes grávidas da região”, considerou o hospital no comunicado mencionado.