É mais um daqueles casos de vidas desgraçadas devido à toxicodependência… O Tribunal de Braga condenou, agora, a 13 anos de prisão, por furto qualificado, um homem de 45 anos, que fez dois assaltos com recurso a uma seringa, um junto ao Parque da Ponte e outro perto da Escola de Medicina da Universidade do Minho.
Carlos C, natural de Lisboa mas residente na cidade, tinha já 13 condenações por crimes semelhantes de furto qualificado, pelo que a pena corresponde ao cúmulo jurídico de duas outras, uma de sete – cumprida parcialmente – , e outra de seis anos e seis meses, a que antes fora condenado.
O coletivo de juízes, e atendendo ao elevado número de crimes já cometidos pelo arguido, determinou, em alternativa, se ele não se sujeitar a medidas previstas no chamado Regime de Prova – caso dos tratamentos à dependência de drogas – que a pena pode ser “indeterminada”, indo do limite mínimo de oito ao máximo de 19 anos.
No último julgamento, o Carlos – que está preso em Izeda – estava acusado de, em fevereiro de 2018, à tarde, se ter dirigido, na zona do Parque da Ponte, a um casal jovem, a Joana e o Daniel, a quem apontou a seringa, exigindo-lhes “os telemóveis e o dinheiro”. Eles, com receio da possível agressão entregaram-lhe os aparelhos que tinham, valendo 350 euros.
Três dias depois, a 21 de fevereiro, pelas 14:45, na zona da Escola de Medicina da UMinho, abordou duas estudantes, a Catarina e a Ana Maria, a quem exigiu que lhe entregassem “todo o dinheiro”.
Uma delas deu-lhe um euro, mas o Carlos retirou-lhe o telemóvel à força e gritou-lhe para que fosse ao multibanco levantar mais dinheiro, dizendo que a colega ficaria ali com ele à espera e que a mataria se ela não voltasse com dinheiro ou chamasse a Polícia: “Eu mato a tua colega! Não tenho nada a perder! Tenho aqui uma seringa e tenho sede!”
Nesse momento, surgiram dois alunos da UMinho, colegas das vítimas, que, apercebendo-se da situação, convenceram-no a aceitar 10 euros e a devolver o telemóvel. Antes de abandonar o sítio, o arguido ainda puxou pela bolsa de uma das jovens, mas não conseguiu arrancá-la.
Por estes dois crimes – e outros dois de processos apensos – foi condenado a seis anos de prisão e ao pagamento de 1.700 euros de indemnização ao casal e 500 à universitária.
O Carlos C. tinha saído da prisão em 2017, após cumprir dois terços de uma pena de sete anos por crimes idênticos, praticados em Braga e em Famalicão.
A sua «folha» criminal remonta a 1998 quando foi sentenciado, duas vezes, em Lisboa, por cinco crimes de roubo. Frequentava o Casal Ventoso, então o supermercado de droga da capital.
Em Braga e dado ser sem-abrigo e viciado em drogas esteve no Centro de Acolhimento da Cruz Vermelha e andou em tratamento.