O irmão mais novo faz uma promessa ao pai de que vai tirar o mais velho do mundo do tráfico de droga. É esse o ponto de partida de “Promessa de Traficante”, cuja história se passa entre Ponte de Lima, Viana do Castelo, Soajo e Porto. O livro é do escritor limiano André Amorim, 28 anos, cuja maior referência é Dan Brown. E, como o autor norte-americano, procurou neste romance policial, lançado este ano, que envolvesse de tal forma o leitor que fosse impossível parar de o ler.
“Já era um livro que tinha começado a escrever há três anos, mas se calhar dois terços foram escritos nos últimos seis meses antes de ser lançado, porque empenhei-me um bocado mais. Depois de estar dentro da história, também dá mais vontade de continuar”, explica André Amorim, que além da faceta de escritor é enfermeiro coordenador e diretor técnico do lar do Centro Comunitário de Darque, em Viana do Castelo, e secretário da Junta de Freguesia de Poiares, em Ponte de Lima.
Lançado em maio, “Promessa de Traficante” é uma história que “fala de dois irmãos em que o mais novo prometeu ao pai que ia tirar o mais velho duma das maiores redes de tráfico de droga que funcionava no nosso país”.
“Depois, ao longo da história, vamos percebendo se ele consegue ou não levar a cabo essa promessa que fez ao pai, e com isso ficamos também a conhecer um bocado melhor o que é a história e o passado do pai. Pensavam uma coisa e, no final, era diferente”, explica a O MINHO o jovem autor.
Dan Brown é o autor favorito
E qual a inspiração para um ‘thriller’ por dentro do mundo da droga? “Por acaso já muita gente me questionou sobre isso e, às vezes, até acho que as pessoas devem ficar a pensar que eu algum dia já andei metido neste mundo, mas não [risos]”, responde
André Amorim escolheu este assunto porque gosta “muito do romance policial” e por aí conseguiria criar uma boa história dentro do género. Mas, alerta, “as personagens e a história em si são mais importantes do que ser relacionado ou não com o mundo da droga”.
O gosto pelo ‘thriller’ é alimentado pelo seu autor favorito: Dan Brown. “Acho que é difícil alguém chegar aos pés dele, porque tem uma capacidade de pesquisa prévia para fazer os livros que é difícil de alcançar. E consegue coordenar aquilo tudo num romance policial sempre muito acelerado no sentido de conseguirmos não deixar de ler. Queremos sempre ler mais e mais, e eu também gostava que os meus livros também assim fossem”, confessa.
E tem recebido críticas bem positivas nesse sentido: “Por acaso, recebi feedback de pessoas que leram o livro numa semana. O recorde até foi ler em quatro dias. Ou passaram partes à frente ou o livro era muito bom”. “Promessa de traficante” tem 478 páginas.
“Temos em Portugal muitos sítios de que podemos falar”
Contudo, André Amorim absorve essas influências e filtra-as para as suas origens e, por isso, a ação deste seu primeiro romance desenlaça-se entre Ponte de Lima, Viana do Castelo, Soajo (Arcos de Valdevez) e Porto.
E essas referências, considera o autor, é algo que “faz muita falta” à literatura nacional. “Porque é que nos escritores portugueses as histórias acabam por se passar no estrangeiro, em grandes cidades ou assim? Temos em Portugal muitos sítios de que podemos falar e descrever”, defende. “O meu livro passa-se muito aqui entre Viana e Ponte de Lima, vai um bocado até ao Soajo e depois à cidade do Porto”, acrescenta.
E os leitores sentem-se identificados: “Muita gente que comprou o livro depois também me dá o feedback a dizer que era interessante lerem e transportarem-se para os sítios que já conhecem”.
Novo romance a caminho
Apesar de este ser o primeiro romance de André Amorim, o enfermeiro já não é estreante nestas lides da escrita. Em 2016, com o seu amigo, também de Ponte de Lima, Ricardo Correia, lançou “Lufada de ar fresco”, uma compilação de crónicas e sátiras sociais publicadas, inicialmente, no blogue que ambos criaram.
Entretanto, já está a escrever um novo livro, , ainda sem data prevista de lançamento, que, não sendo uma continuação deste “Promessa de Traficante”, tem que ver com uma personagem do livro e desenrola-se, igualmente, em “algumas zonas” de Portugal.
“É interessante porque acabamos por ir buscar pontos do nosso país e com isso também estamos a dar enfoque ao que é nosso e o que é nosso é muito bom”, defende.
E entre a ocupação profissional, as funções na Junta e o tempo para a namorada e família, qual a sua rotina de escrita? “Não posso dizer que tenha uma rotina. Por ter essas coisas todas, a minha vida também é um bocado desrotinada. Não posso ter um plano predefinido”.
Nada que o atormente, porque para André Amorim a escrita será sempre um hobbie. “Se me perguntarem se me vejo a fazer da escrita o meu trabalho, a minha sobrevivência, não. Dá-me gosto, prazer, porque tenho a inspiração e a vontade de o fazer naquele momento, mas não a obrigação”, justifica.
“Promessa de traficante” está à venda nas principais plataformas online ou diretamente através da página do autor.