Rede do “Camões” traficava em Ponte de Lima, Barcelos, Vila Verde e Guimarães

Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

A rede do “Camões”, com onze homens e cinco mulheres suspeitos, começará brevemente a ser julgada, no Palácio da Justiça de Viana do Castelo, sob acusação de tráfico de droga, especialmente cocaína e haxixe, pretendendo o Ministério Público que os juízes no final confisquem mais de um milhão de euros, por alegadamente estarem relacionados com tais atividades ilícitas.

É pelo menos um milhão e 300 mil euros aquilo que as autoridades judiciárias estimam ter sido auferido desde o ano de 2020 pelos elementos do grupo no tráfico de droga, tendo em conta os bens detetados através do Gabinete de Recuperação de Ativos, para além daquilo que a maioria dos arguidos declarou fiscalmente como rendimentos lícitos, pelo que quer as suas apreensões. 

O grupo desarticulado pela Guarda Nacional Republicana tinha por epicentro Ponte de Lima, onde residia o alegado líder, com a alcunha “Camões”, mas segundo as investigações da GNR, os suspeitos eram não só daquele concelho (Refóios do Lima e Ribeira), como Barcelos (Arcozelo, Lijó, Remelhe e Tamel São Veríssimo), Vila Verde (Geme), Guimarães, Gaia e Ermesinde.

Segundo as investigações criminais da GNR, o grupo abastecia-se previamente na vizinha Galiza, mas às vezes nem sequer os suspeitos precisavam de atravessar o rio Lima, ficando-se por Valença, onde seriam abastecidos, deslocando-se quase sempre em três carros, com um ocupante em cada, para desse modo tentarem iludir as autoridades policiais, só que foram descobertos. 

Trata-se de uma das maiores operações realizadas durante os últimos anos no Alto Minho, tendo sido o Núcleo de Investigação Criminal (NIC) do Destacamento Territorial de Arcos de Valdevez da GNR a conduzir um longo trabalho investigatório, abrangendo escutas e gravações telefónicas, vigilâncias e seguimentos, incluindo as deslocações de alguns suspeitos à Galiza.

As investigações criminais da GNR apontam para que “Camões”, através de telefones, quer da rede fixa, quer das redes móveis, alegadamente auxiliado pela sua mulher, contactaria com toxicómanos, depois de ter droga, oriunda da Galiza, que segundo a acusação do Ministério Público de Viana do Castelo, seria traficada principalmente em Ponte de Lima, Barcelos e Vila Verde.

A GNR dos Arcos de Valdevez identificou um naipe de mais de meia centena de consumidores que comprariam droga à rede de “Camões”, tendo sido inquirida a maioria desses toxicómanos, agora testemunhas, na presença de magistrados do Ministério Público, para durante o julgamento terem uma validade jurídica reforçada e serem confrontados com eventuais discrepâncias.

Um outro suspeito, este residente na freguesia de Ribeira, em Ponte de Lima, seria um dos diretos colaboradores de “Camões”, usando preferencialmente um telefone da rede fixa, supostamente porque à partida não levantaria tantas suspeitas, já que quase sempre os contactos para combinarem os negócios de droga, mesmo que com conversas codificadas, são através de telemóveis.

Segundo o despacho de acusação do Ministério Público, outro dos elementos do grupo é um homem, que tendo residência na freguesia de Geme, em Vila Verde, utilizava um apartamento na freguesia de São Vicente, em Braga, para traficar droga, com a colaboração de uma irmã, residente em Ponte de Lima, também arguida neste processo, que será julgada em Viana do Castelo.

Um outro homem é apontado como traficando droga, utilizando as suas quatro residências, todas na freguesia de Remelhe, em Barcelos, a quem caberia a distribuição de droga principalmente pelo concelho barcelense, havendo distribuição, alegadamente pela sua parte e de outros suspeitos, de estupefacientes, pela cidade de Barcelos e nas freguesias de Lijó e Tamel São Veríssimo.

 
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