A Associação Braga Ciclável pediu, sexta-feira à noite, à Assembleia Municipal que recomende à Câmara intervenções nas passadeiras – criando algumas em cruzamentos ou na Rodovia – , remoção de mupis ou outros obstáculos à visão de peões e ciclistas.
Numa intervenção na reunião do órgão, Sara Costa, defendeu que, “as pessoas deviam poder usufruir do espaço público sem medo, para que as crianças pudessem andar e brincar na rua com mais segurança”.
Sustentou, ainda, que se precisa de “uma cidade para as crianças, para as pessoas com mobilidade reduzida, uma cidade mais amiga de quem anda a pé, de bicicleta e de transportes públicos”.
Em declarações a O MINHO, a vereadora com o pelouro da Mobilidade, Olga Pereira, disse que a intervenção de Sara Costa “está totalmente alinhada” com a estratégia camarária: “foca, precisamente todo o trabalho que estamos a realizar. Temos vários programas de mobilidade escolar (school bus, peddybus e cicloexpresso), precisamente para evitar que os pais tenham que deslocar-se de automóvel para a escola, evitando poluição, e conferindo autonomia”.
E salienta: “já começamos a eliminar as passadeiras pedonais desniveladas (Avenida da Liberdade, rua do Caires, Variante do Fojo) e continuaremos a fazê-lo, na segunda fase da variante do Fojo e, com o BRT (Autocarro de Transporte Rápido), serão totalmente removidas”.
Assegura,ainda, que, “em todas as intervenções físicas que estamos a realizar sobrelevamos as passadeiras (avenida João II, António Palha, Fojo, da Liberdade, e escola de Maximinos… estamos a planear a que foi abordada na 31 de janeiro, estando a mesma já desenhada…”
Braciclável faz quatro pedidos
Na Assembleia, Sara Costa pediu que as passadeiras sejam intervencionadas e tenham como critério passarem a ser sobrelevadas (ou seja, à altura dos passeios). Solicitou, também, que sejam removidos os obstáculos no espaço de visão antes das passadeiras e passagens de velocípedes, apontando o caso dos mupis colocados na rotunda do Media Market”.
O organismo quer que “se criem passadeiras nas entradas de cruzamentos e noutros sítios, por exemplo, na Avenida 31 de janeiro para permitir o atravessamento e continuidade da Via Pedonal e Ciclável do Rio Este”.
A quarta medida que solicita é a de “criação de passadeiras com semáforos nas avenidas da chamada Rodovia, em substituição das passagens aéreas”.
E anotou: “Acredito que, logo que forem adotadas haverá uma grande redução nos números de mortalidade e sinistralidade”.
Carros à porta das escolas
Na introdução ao tema, lembrou que, “hoje em dia a maior parte das crianças e jovens vão de carro para a escola. Esta é uma perceção que existe e sobre a qual seria importante saber os números exatos. A realidade é que as frentes das escolas de Braga estão cheias de carros nas horas de entrada e saída”.
E prosseguindo, vincou: “Também que nos percursos casa-escola as crianças encontram muitos problemas infraestruturais e comportamentais. Em certa medida os problemas comportamentais ocorrem porque o desenho da infraestrutura – das vias, dos passeios, das passadeiras – assim o permite. Falo de carros estacionados em cima dos passeios, nas passadeiras, e em segunda fila, a entupir as frentes e envolventes escolares”.
Para a Bragaciclável, “estes comportamentos criam insegurança para quem vai a pé ou de bicicleta para a escola e desmotivam qualquer pai que pretenda deixar a criança ir em autonomia. Para além disso, tornam aquele ambiente altamente poluído e com níveis alarmantes de material particulado”.
“Em muitos casos, o que assistimos é ao rebaixamento dos lancis, ao rampeamento e a passadeira fica ao nível do carro. Isto leva a que poucos carros abrandam. Para além disso, há casos em que as passadeiras são inacessíveis a pessoas com mobilidade reduzida. Muitas delas simplesmente têm o lancil normal, mas algumas, como a que fica na Rua Dom Diogo de Sousa e tem um semáforo, mesmo junto aos Paços do Concelho, é inacessível para quem utiliza uma cadeira de rodas de forma autónoma”.
Ambiente hostil para quem anda a pé
E acentuou a tese: “Quando se rebaixam os lancis de acesso às passadeiras, mantemos um ambiente urbano hostil para quem anda a pé. Continuamos com uma média de um atropelamento a cada 3 dias. Aqui ao lado, em Pontevedra não há atropelamentos há 10 anos, devido à sobrelevação das passadeiras. O carro passou a ter mesmo que abrandar e a pessoa que vai dentro do carro fica psicologicamente com a perceção de que “subiu ao nível do peão”.
Braga no top da sinistralidade
Sara Costa concluiu, lembrando que, em Portugal 80% dos sinistros ocorrem em ambiente urbano e Braga está no top 3 da sinistralidade rodoviária. Não se podem admitir constantes desastres rodoviários nas avenidas da Rodovia, e manter tudo na mesma. Está demonstrado que implementar rails e tornar estas avenidas autênticos circuitos de velocidade excessiva não é a solução”.
E, continuando, disse: “o Município, deve garantir, através do desenho urbano, de semáforos e de dissuasores de velocidade, que a velocidade não ultrapasse os 50km/h, e assim reduzir os riscos e a gravidade dos sinistros. E há necessidade de maiores cuidados nos espaços públicos junto de escolas e hospitais, bem como nas paragens de autocarro e nas principais avenidas”.