O presidente russo voltou hoje a criticar o Ocidente, acusou a Ucrânia de representar um regime neonazi, e atacou os Estados Unidos. Durante o seu discurso de quase duas horas sobre o Estado da Nação perante as câmaras do Parlamento, Vladimir Putin classificou a guerra como um acontecimento histórico que vai determinar o futuro do seu país.
Putin disse que, desde 2014, na altura da anexação da Crimeia, lutou e defendeu o direito do povo de viver na sua terra, e que fez todo para resolver o problema por meios pacíficos.
Nos seus ataques durante o discurso, Vladimir Putin acusou os Estados Unidos e o G7 de fornecerem armamento à Ucrânia e garantiu: “Foram eles que que desencadearam a guerra”.
Putin considerou ainda que o Ocidente “simplesmente ganhou tempo”, envolveu-se “em truques e fechou os olhos para assassinatos políticos, repressões do regime de Kiev, troça dos crentes e cada vez mais encorajou os neonazis ucranianos a liderar ações terroristas em Donbass”.
O presidente russo ainda disse que o planeta está cheio de bases americanas, e que a Rússia defende a vida, enquanto o Ocidente quer poder. Declarou ainda que a Ucrânia tentou adquirir armas nucleares.
“E quero enfatizar que, mesmo antes do início da operação militar especial, Kiev estava a negociar com o Ocidente o fornecimento de sistemas de defesa aérea, aeronaves de combate e outros equipamentos pesados para a Ucrânia”.
Putin prosseguiu com ataques ao Ocidente apontando críticas a uma tentativa de influência na Rússia, inclusive com ataques à comunidade LGBTQIAP+.
“Atacam a nossa cultura, a nossa igreja (…) e querem obrigar os sacerdotes a abençoarem casamentos homossexuais. A família é a união de um homem e de uma mulher”.
O discurso, primeiro sobre o Estado da Nação feito por Putin em quase dois anos, acontece três dias antes de ser assinalado o primeiro aniversário da ofensiva militar russa na Ucrânia, iniciada na madrugada de 24 de fevereiro de 2022.
O Kremlin não permitiu que meios de comunicação social de países considerados como “inimigos” obtivessem acreditação para fazer a cobertura mediática do discurso.
O dia escolhido para o discurso, que será transmitido por todas as televisões públicas do país, coincide com a data em que Vladimir Putin assinou o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas de Lugansk e de Donetsk, na região do Donbass (leste ucraniano).
Nesse mesmo dia, 21 de fevereiro de 2022, Putin ordenou a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, um prelúdio para o início da ofensiva militar contra a Ucrânia que aconteceria poucos dias depois.