Os vereadores da Câmara de Braga afetos ao Partido Socialista (PS) vieram esta sexta-feira a público rebater as contas apresentadas pelo edil, Ricardo Rio (PSD), relativamente ao Estádio Municipal de Braga, indicando que o mesmo “está praticamente pago”.
Os socialistas acusam o edil de “apoucar uma obra que prestigia a cidade” e de “misturar” rubricas que “correspondem ao processo construtivo” com outras “que não têm nada a ver”. Os vereadores referem-se ainda ao estádio como uma obra prima mundial.
O PS refere-se aos dados apresentados por Ricardo Rio, que estimam um custo total do estádio em cerca de 180 milhões de euros, mais caro que o próprio Hospital de Braga ou que o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia.
“Estes dados contabilísticos apresentam-se, assim, com uma forte contaminação política que lhes retiram credibilidade”, afirmam os vereadores da oposição, dando como exemplo a construção de um “parque norte da cidade” que nunca chegou a acontecer, mas que as despesas estão “explanadas” no mesmo documento.
“As contas apresentadas associam, assim, custos de intervenções previstas na rede viária municipal (acessibilidades) e naquilo que seria o futuro Parque Norte. Por outro lado, incluem valores relativos à construção dos campos de treino, custos com manutenção do relvado, com iluminação e com vedações; contêm ainda artigos sem identificação do objecto do custo, reforços de pavimentos, arranjos de passeios”, salientam os socialistas.
“Chegam ao cúmulo de incluir a execução de travessias na variante ao Estádio e a desinfecção do solo do Parque Urbano de Braga”, acrescentam.
O PS afirma que “uma boa parte dos terrenos adquiridos sob a gestão socialista para a criação do Parque Norte acabaram por ser doados pela atual gestão municipal”.
“Temos para nós, e o presidente da Câmara também reconhecerá o mesmo, que o Estádio Municipal é uma questão iminentemente política. A aprovação da sua construção mereceu, na altura, a aprovação unânime do executivo. E, curiosamente, as sucessivas propostas para contração de empréstimos destinados ao pagamento das obras viriam a merecer a anuência das forças políticas representadas na Assembleia Municipal, com a exceção do BE”, asseguram os socialistas.
Acusam ainda Ricardo Rio de tentar “encobrir a ausência de investimento, o deficiente apoio e falta de solidariedade para com as freguesias, enfim, a sua incapacidade de gestão, com todo o tipo de desculpas”. “E nessa perspectiva, politicamente convém-lhe manter à tona da água as contas do Estádio para se vitimizar”, afirmam.
Os socialistas referem ainda que o estádio “está praticamente pago”. “Mesmo as alegadas despesas com a manutenção anual, apesar do montante, correspondem a um valor residual, se tivermos em conta o custo da infraestrutura”.
Referem que o custo da obra, até 2004, foi de 118,5 milhões, entre os quais 29,6 milhões destinados a um parque urbano. O PS diz que a obra foi adjudicada ao preço mais baixo (98,1 milhões), mas que o montante poderá chegar aos 121,8 milhões, mais 20,7% do adjudicado, aos quais acrescem as indemnizações fixadas pelos tribunais e revisões previstas na lei.
“Fica deste modo desmontada a continuada manobra de Ricardo Rio que mais não visa do que tentar justificar, de uma forma ardilosa, as suas próprias incapacidades”, terminam os vereadores.