Há vários casos por ano de agressões a professoras nas escolas, a maioria das vezes, perpetradas por pais ou encarregados de educação de alunos. Foi o que sucedeu em 2022, em Braga, mas desta vez, com as alegadas agressoras a acusarem-nas de racismo.
As duas professoras e uma funcionária da Escola EB 2 e 3 de Lamaçães, em Braga, que em junho de 2022 se queixaram à PSP da cidade por terem sido agredidas por duas familiares (mãe e tia) de um aluno, foram, há dias, constituídas arguidas na polícia, alegadamente por insultos racistas e agressão.
Ao que O MINHO apurou de fonte ligada ao processo, no Ministério Público (MP) correm dois inquéritos-crime sobre o caso: um sobre a queixa apresentada pelas docentes e pela auxiliar de educação e outra pelas familiares, com 27 e 30 anos de idade e residentes na cidade, que dizem ter sido vítimas de uma expressão racista e de agressões.
Neste caso, as duas mulheres dizem que uma das professoras terá gritado à funcionária: “Não abra a porta a essas ciganas”. Tese que as visadas dizem ser “inventada e totalmente falsa”, bem como as alegadas agressões de que elas se dizem vítimas.
O caso ocorreu em 02 de junho à tarde. Um aluno do 6.º ano foi admoestado pela professora na sala de aula por se estar a “portar mal”, facto de que não gostou, tendo, por isso, telefonado à mãe, isto apesar de o uso do telemóvel estar proibido nas aulas, e pôs o aparelho em voz alta, de modo a que se ouvisse o que a progenitora tinha a dizer.
Aí, a mãe terá proferido ameaças contra a docente, tendo esta, a seguir, pedido que levassem o rapaz ao conselho diretivo, para ser repreendido e, eventualmente, alvo de medidas disciplinares.
Quando a responsável do Conselho estava a conversar com o aluno, entraram, à força, as duas mulheres – acompanhadas de uma terceira que não participou na discussão – tendo uma delas agredido e insultado a diretora. A agressora pegou depois num vaso e atirou-o contra um vidro da porta, quebrando-o.
Aí chegou a psicóloga da escola que se interpôs entre as mulheres e a diretora, mas acabou, também, por ser empurrada e intimidada.
Nesse entretanto, chegou uma patrulha da PSP que tomou conta da ocorrência e deteve as duas mulheres, que foram identificadas.
O caso seguiu os seus trâmites no MP que perguntou já ao Agrupamento de Escolas D. Maria II, os detalhes dos supostos estragos causados no átrio do estabelecimento. E as agredidas foram vistas no hospital para se comprovar os ferimentos, ainda que estes fossem ligeiros,
Em janeiro, as duas professoras e a funcionária receberam uma carta da PSP para ali se deslocarem e, não sem espanto, foram notificadas de que iriam ser constituídas arguidas num inquérito sobre uma queixa-crime por racismo e violação da integridade física na forma simples.